“Tomar vacina” vira piada homofóbica em fala de Bolsonaro no Flow Podcast

Bolsonaro relacionou a vacinação a uma "atitude de homossexuais" durante uma entrevista de mais de 5 horas para o apresentador Igor Coelho. Ele também opinou sobre os preços dos combustíveis, o voto eletrônico, o STF e comentou declarações antigas.

Nesta segunda-feira (08), o presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista de 5 horas e meia ao podcast Flow**, cujo co-fundador Monark (Bruno Aiub), foi demitido depois de defender a legalidade de partidos nazistas durante uma transmissão (Estadão🚥). Bolsonaro repetiu informações falsas e fez falas controversas para os cerca de 500 mil ouvintes que assistiam à primeira hora do episódio.

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O presidente defendeu, entre outras coisas, que o regime militar tem “prós” e “contras” e criticou a condenação do deputado Daniel Silveira, preso em flagrante por utilizar as redes sociais para divulgar fake news e discursos de ódio contra ministros do Supremo Tribunal Federal. (BBC) O podcast Flow é dirigido por Gianluca Eugênico e tem uma das maiores audiências do Brasil, tendo recebido mais de 600 convidados e batido meio bilhão de visualizações no Youtube.

Vacinação

Bolsonaro reafirmou que não se vacinou contra o coronavírus, saindo do “politicamente correto”, e associou o ato de se imunizar com um “comportamento gay”, em fala homofóbica. Apesar do constrangimento, o apresentador afirmou que tomaria, caso possível, a vacina contra a varíola dos macacos no Brasil.

Para o presidente, a “autonomia médica” foi “castrada” na pandemia, porque foi proibida a utilização de placebos ou tratamentos precoces. “O soldado chegava ferido, não tinha quem doasse mais sangue, e o médico colocava água de coco na veia dos caras. E salvou”, argumentou.

Nas redes sociais, alguns internautas acusaram os organizadores do programa de estarem “dando palanque” para as distorções comuns dos discursos de Bolsonaro, que é o primeiro presidenciável a ser entrevistado. O Flow podcast também convidou para entrevista os pré-candidatos Lula (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).

STF e o esquerdismo

Bolsonaro afirmou que há, dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), um sabido “viés de esquerda” (UOL), e voltou a negar o golpe militar de 1964. “Fuzilamento, paredão…Foi tudo de acordo com a Constituição de 1946”, opinou. Para o presidente, as decisões do Supremo são altamente arbitrárias. Ele relembrou a decisão dos ministros em dar autonomia aos estados para tomarem medidas de combate contra a COVID-19 e também afirmou que a “turma” do ministro Alexandre de Moraes é que decide o que é fake news.

Desinformação

A produção do podcast exibiu um informe no vídeo da transmissão dizendo “Lembre-se de pesquisar sobre tudo que for dito nesse programa”, para combater a reprodução de notícias falsas. O fato foi ironizado por parte do público, e opositores do presidente subiram a tag “MENTIROSO DA REPÚBLICA” no Twitter nesta segunda-feira (8).

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