Em maio, a Microsoft e a G42, empresa de inteligência artificial (IA) dos Emirados Árabes Unidos, anunciaram planos de investir US$ 1 bilhão em projetos no Quênia, incluindo um enorme data center geotérmico. O acordo foi negociado com a participação dos governos dos EUA e dos Emirados Árabes Unidos e coincidiu com uma cúpula em Washington entre o presidente Joe Biden e o presidente queniano, William Ruto.
Defensores do projeto no Quênia o veem como um modelo potencial para parcerias governo-empresa similares que poderiam ajudar os EUA a expandir sua influência política e econômica no Sul Global – mercados emergentes na África e Ásia Central, onde a China já está fortemente enraizada. A Microsoft e a G42 se comprometeram a colaborar em vários projetos nos próximos anos, aproveitando as relações regionais dos Emirados Árabes Unidos.
Em abril, a Microsoft investiu US$ 1,5 bilhão na holding G42 de Abu Dhabi para levar sua tecnologia de IA para os Emirados Árabes Unidos e região. Em maio, as duas empresas anunciaram um pacote de US$ 1 bilhão em investimentos digitais no Quênia, que contou com a participação dos governos dos EUA e dos Emirados Árabes Unidos.
Embora os apoiadores do investimento no Quênia o vejam como uma forma de os EUA expandirem sua influência em regiões onde a China também opera, autoridades americanas estão preocupadas com o acordo, que inclui o governo dos Emirados Árabes Unidos, e temem que possa representar um risco à segurança nacional dos EUA, de acordo com a Bloomberg. Há também incerteza sobre a capacidade da Microsoft e da G42 de obter a tecnologia necessária para o acordo.
O investimento da Microsoft na G42 teria sido feito em troca da empresa parar de trabalhar com empresas chinesas. No entanto, funcionários do Pentágono estão preocupados que a G42 não rompa totalmente os laços com a China, relatou a Bloomberg, citando fontes anônimas familiarizadas com o assunto.
Autoridades americanas também estariam preocupadas com as falhas de cibersegurança da Microsoft, pelas quais a empresa recentemente assumiu a responsabilidade.
“Estamos trabalhando em estreita colaboração com o Conselho de Segurança Nacional e o Departamento de Comércio, e a segurança nacional dos EUA continuará sendo uma prioridade principal”, disse um porta-voz da Microsoft à Bloomberg. Nem a Microsoft, nem a G42, nem o Departamento de Comércio dos EUA responderam imediatamente a pedidos de comentários.
Além disso, autoridades dos EUA estariam buscando restringir a exportação de chips avançados para países do Oriente Médio e teriam desacelerado a emissão de licenças para Nvidia, Advanced Micro Devices (AMD) e outras fabricantes de chips para o envio de aceleradores de IA de grande porte para a região. A aprovação do envio dos chips H100 da Nvidia para o Oriente Médio ainda está sendo debatida por autoridades americanas, relatou a Bloomberg.
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