Em um texto publicado no dia 17 de abril na Bloomberg, Rene Haas, CEO da Arm – empresa responsável pela fabricação de 99% dos chips usados no mundo -, levantou uma advertência em relação ao atual frenesi por inteligência artificial (IA) que domina as empresas de tecnologia. Segundo o executivo, a previsão é de que até 2030 os data centers espalhados pelo mundo sejam responsáveis por um consumo de energia elétrica superior ao de toda a Índia.
O ponto trazido pelo Executivo não se trata de um mero palpite, pois é respaldado por um relatório divulgado pela International Energy Agency, o qual revela que tecnologias de IA generativa – tomando como exemplo o ChatGPT – consomem cerca de 2,9 watts de energia por hora a cada solicitação. Esse valor é dez vezes maior do que uma solicitação realizada em um buscador como o Google, por exemplo.
Haas ainda alerta – no mesmo material divulgado pela Bloomberg – a respeito da necessidade por uma abordagem diferente na indústria tecnológica, agora priorizando a otimização energética e desenvolvimento de iniciativas mais sustentáveis em detrimento da pura eficiência operacional. Considerando que o treinamento dos modelos de linguagem responsáveis pelas tecnologias de IA e o processamento de grandes quantidades de informações nos data centers demandam um suprimento largo e constante de energia, a previsão de Rene traz à tona a possibilidade de um verdadeiro blackout no mundo da tecnologia.
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Em termos mais específicos, os data centers desempenham um papel fundamental na era digital, sendo a espinha dorsal da infraestrutura tecnológica moderna. Responsáveis por armazenar, processar e distribuir grandes volumes de dados, garantem a disponibilidade e a segurança das informações em um mundo cada vez mais orientado por dados. Com a explosão da quantidade de dados gerados por empresas e organizações, os data centers tornaram-se essenciais para facilitar o desenvolvimento tecnológico, proporcionando a infraestrutura necessária para uma variedade de serviços e aplicativos digitais.
No âmbito da inteligência artificial, os data centers desempenham um papel ainda mais crucial, especialmente no campo da IA generativa. Esta tecnologia concentra-se na criação de novos conteúdos, como imagens, música e texto, e demanda enormes conjuntos de dados para treinar os modelos de IA. Os data centers oferecem o ambiente ideal para armazenar e processar esses dados, além de oferecer capacidade de computação para executar algoritmos complexos em tempo real. Assim, os data centers não apenas sustentam o avanço tecnológico, mas também possibilitam inovações significativas na IA, impulsionando a criação de conteúdo digital de maneira inteligente e criativa.
Mas tudo isso vem com um preço, e seu preço está ficando cada vez mais caro: Segundo a Agência Internacional de Energia, a eletricidade consumida por centros de dados globalmente mais do que dobrará até 2026 para mais de 1 mil terawatts-hora, uma quantidade aproximadamente equivalente ao que o Japão consome anualmente.
Os gastos globais com data centers, conforme estimado pelo grupo de pesquisa Dgtl Infra, estão projetados para exceder US$ 225 bilhões até 2024. Considerando que esses centros de processamento são mais do que simples servidores, cobrindo grandes extensões de terra, abrigando diversos componentes físicos como cabeamento, servidores, chips e outros elementos que representam os alicerces da computação moderna em grandes edifícios industriais, torna-se impossível pensar em desenvolvimento de tecnologia ao longo prazo ignorando o custo energético.
Ainda assim, as chamadas Big Techs seguem injetando bilhões de dólares em infraestrutura de dados visando manter seus respectivos lugares na corrida tecnológica.
Segundo informações da Reuters, a Amazon Web Services anunciou um novo investimento de US$ 11 bilhões – aproximadamente 56 bilhões de reais – para a construção de novos data centers nos Estados Unidos.
E, por fim, de acordo com o diretor-executivo da Nvidia – a favorita do momento dentro do mundo de IA -, Jensen Huang, serão necessários US$ 1 trilhão em data centers nos próximos anos para apoiar as intensas demandas por processamento de informações e energia de IA nos próximos anos.
As demandas crescem de forma incessante e os dólares seguem fluindo laboratórios adentro. Mas ainda é incerto por quanto tempo esse ritmo consegue se sustentar.
As Big Techs estão travando uma acirrada disputa no campo da inteligência artificial, com investimentos bilionários em pesquisa e desenvolvimento. Em 2023, a Microsoft e o Google investiram US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões, respectivamente, na startup Anthropic, focada em IA generativa. A Amazon não ficou atrás, destinando US$ 10 bilhões para pesquisa em IA em 2022, um aumento de 33% em relação ao ano anterior.
Essa corrida tecnológica é impulsionada pela crença de que a IA será fundamental para o futuro da indústria. As empresas veem na IA a oportunidade de criar novos produtos e serviços, melhorar a eficiência operacional e aumentar seus lucros. Além disso, a IA também é vista como uma ferramenta essencial para lidar com os grandes desafios da sociedade, como as mudanças climáticas e as doenças.
Seja Amazon, Google DeepMind, Microsoft, Meta ou Nvidia, absolutamente ninguém quer ficar para trás nessa corrida que definitivamente moldará o futuro. No entanto, caso não sejam observadas mais seriamente alternativas para otimizar o custo de manutenção dessas maravilhas que o futuro reserva, tudo indica que um apagão é uma perspectiva muito mais palpável.
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