A Califórnia será o primeiro estado dos Estados Unidos a direcionar milhões de dólares de dinheiro dos contribuintes e de empresas de tecnologia para ajudar a pagar por jornalismo e pesquisa em inteligência artificial (IA), de acordo com um novo acordo anunciado na quarta-feira (22).
Sob o primeiro acordo desse tipo no país, o estado e as empresas de tecnologia pagarão coletivamente cerca de US$ 250 milhões ao longo de cinco anos para apoiar organizações de notícias com sede na Califórnia e criar um programa de pesquisa em IA. As iniciativas começarão em 2025 com US$ 100 milhões no primeiro ano, e a maior parte do dinheiro irá para organizações de notícias, disse Buffy Wicks, a membro democrata da assembleia que intermediou o acordo.
“Este acordo representa um grande avanço para garantir a sobrevivência das redações e fortalecer o jornalismo local em toda a Califórnia, aproveitando recursos substanciais da indústria de tecnologia sem impor novos impostos aos californianos”, disse Gavin Newsom, o governador, em um comunicado. “O acordo não apenas fornece financiamento para apoiar centenas de novos jornalistas, mas também ajuda a reconstruir um corpo de imprensa robusto e dinâmico da Califórnia para os próximos anos, reforçando o papel vital do jornalismo em nossa democracia.”
O acordo efetivamente marca o fim de uma luta de um ano entre gigantes da tecnologia e legisladores sobre a proposta de Wicks de exigir que empresas como Google, Facebook e Microsoft paguem uma certa porcentagem da receita de publicidade para empresas de mídia por vincular conteúdo a elas.
O projeto de lei, modelado após uma legislação no Canadá destinada a fornecer ajuda financeira a organizações de notícias locais, enfrentou intensa reação da indústria de tecnologia, que lançou anúncios durante o verão para atacá-lo. O Google também tentou pressionar os legisladores a abandonar o projeto de lei, removendo temporariamente sites de notícias dos resultados de pesquisa de algumas pessoas em abril.
“Esta parceria representa um compromisso entre setores para apoiar uma imprensa livre e vibrante, capacitando meios de comunicação locais em todo o estado a continuar seu trabalho essencial”, disse Wicks em um comunicado. “Isso é apenas o começo.”
A Califórnia tentou diferentes maneiras de parar a perda de empregos no jornalismo, que têm desaparecido rapidamente à medida que as empresas de mídia tradicionais lutam para lucrar na era digital. Mais de 2.500 jornais fecharam nos EUA desde 2005, de acordo com a Medill School of Journalism da Northwestern University. A Califórnia perdeu mais de 100 organizações de notícias na última década, de acordo com o escritório de Wicks.
O acordo de quarta-feira é apoiado pela California News Publishers Association, que representa mais de 700 organizações de notícias, a empresa controladora do Google, Alphabet, e a OpenAI. Mas jornalistas, incluindo aqueles da Media Guild of the West, criticaram o acordo e disseram que ele prejudicaria as organizações de notícias da Califórnia.
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