Esse ano não temos eleições no Brasil, mas em outras partes do mundo as campanhas já estão a todo vapor. Candidatos estão se mobilizando para se popularizar, e muitos deles tentam fazer isso viralizando na internet. O problema é o método. Políticos passaram a usar imagens criadas por inteligência artificial (IA) para produzir peças publicitárias enganosas e até atacar adversários políticos com conteúdos falsos. Entenda.
Recentemente, o candidato opositor de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, Ron DeSantis, compartilhou um vídeo que contém uma imagem gerada por IA em que o ex-presidente aparece abraçando Anthony Fauci, médico imunologista que foi protagonista no combate a covid-19 nos EUA. Fauci e Trump divergiram em muitos temas durante o governo do republicano, fomentando até uma rivalidade entre ambos.
Na postagem de DeSantis no Twitter, a plataforma sinaliza que a imagem do vídeo é enganosa e que Fauci e Trump nunca se abraçaram. DeSantis concorre com Trump para representar o Partido Republicano no pleito de 2024.
No Canadá, outro episódio que chamou a atenção foi a publicação da campanha de Anthony Furey para prefeito de Toronto. O candidato, que é jornalista, produziu uma série de peças publicitárias com imagens produzidas por IA. Talvez isso passasse batido pelos eleitores, se não fosse o fato de uma das pessoas em uma postagem sobre criação de empregos ter três braços.
A campanha do candidato compartilhou também outras imagens generalistas criadas por IA para remeter a pontos diferentes da cidade e retratar crianças e idosos. Em nenhuma das ilustrações há a indicação de que as imagens não são reais.
Na peça abaixo, a campanha de Furey retrata o que seria uma via de Toronto com pessoas em situação de rua sob a escrita: “ruas seguras e trânsito 2”
Na imagem aparece uma mulher idosa e a legenda: “criação de empregos e prosperidade renovada”.
Após a repercussão, as figuras foram retiradas do material de divulgação, mas em alguns vídeos elas ainda são usadas como pano de fundo.
Mentes envolvidas no desenvolvimento de inteligência artificial e cartolas de big techs já têm comentado sobre a preocupação da interferência da tecnologia no processo democrático.
Sam Altman, da OpenAI, disse em maio que está analisando a forma como a IA estar envolvida na manipulação das eleições: “minhas áreas de maior preocupação…vamos enfrentar uma eleição no ano que vem e esses modelos estão melhorando”.
O ex-CEO da Alphabet, dona do Google, foi ainda mais alarmista falando que “As eleições de 2024 vão ser uma bagunça porque a mídia social não está nos protegendo da IA generativa falsa”.
Tentamos contato por e-mail com Ron DeSantis e Anthony Furey e, até a publicação dessa reportagem, não obtivemos respostas.
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