A China tentará perturbar as eleições nos EUA, Coreia do Sul e Índia este ano com conteúdo gerado por inteligência artificial (IA) após um ensaio com a eleição presidencial em Taiwan, alertou a Microsoft.
A empresa de tecnologia dos EUA afirmou esperar que grupos cibernéticos apoiados pelo estado chinês visem eleições de alto perfil em 2024, com a Coreia do Norte também envolvida, segundo um relatório da equipe de inteligência de ameaças da empresa publicado na sexta-feira (5).
“À medida que as populações na Índia, Coreia do Sul e Estados Unidos se dirigem às urnas, é provável que vejamos atores cibernéticos e de influência chineses, e em certa medida atores cibernéticos norte-coreanos, trabalharem para mirar nessas eleições”, diz o relatório.
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A Microsoft disse que “no mínimo” a China criará e distribuirá através das redes sociais conteúdo gerado por IA que “beneficia suas posições nessas eleições de alto perfil”.
A empresa acrescentou que o impacto do conteúdo feito por IA era pequeno, mas alertou que isso poderia mudar.
“Embora o impacto desse conteúdo em influenciar audiências permaneça baixo, a crescente experimentação da China em aumentar memes, vídeos e áudio continuará – e pode se mostrar eficaz no futuro”, disse a Microsoft.
A Microsoft disse no relatório que a China já tentou uma campanha de desinformação gerada por IA na eleição presidencial de Taiwan em janeiro. A empresa disse que esta foi a primeira vez que viu uma entidade apoiada pelo estado usando conteúdo feito por IA na tentativa de influenciar uma eleição estrangeira.
Um grupo apoiado por Pequim chamado Storm 1376, também conhecido como Spamouflage ou Dragonbridge, foi altamente ativo durante a eleição taiwanesa. Suas tentativas de influenciar a eleição incluíram a publicação de áudios falsos no YouTube do candidato à eleição Terry Gou – que havia se retirado em novembro – endossando outro candidato. A Microsoft disse que o clipe era “provavelmente gerado por IA”. O YouTube removeu o conteúdo antes que alcançasse muitos usuários.
O grupo apoiado por Pequim divulgou uma série de memes gerados por IA sobre o candidato eventualmente bem-sucedido, William Lai – um candidato pró-soberania contrário a Pequim – que fazia acusações infundadas contra Lai, acusando-o de desviar fundos estatais. Houve também um aumento no uso de apresentadores de notícias de TV gerados por IA, uma tática que também foi usada pelo Irã, com o “apresentador” fazendo alegações não comprovadas sobre a vida privada de Lai, incluindo a paternidade de filhos ilegítimos.
A Microsoft disse que os apresentadores de notícias foram criados pela ferramenta CapCut, desenvolvida pela empresa chinesa ByteDance, proprietária do TikTok.
A Microsoft acrescentou que grupos chineses continuam a realizar campanhas de influência nos EUA. Disse que atores apoiados por Pequim estão usando contas de mídia social para propor “questões divisivas” e tentar entender os problemas que dividem os eleitores americanos.
“Isso pode ser para coletar inteligência e precisão sobre os principais segmentos de eleitores antes das eleições presidenciais dos EUA”, disse a Microsoft em um post no blog que acompanha o relatório.
Um post no X, anteriormente Twitter, referiu-se a um projeto de lei bipartidário de US$ 118 bilhões nos EUA que combinava um investimento de US$ 20 bilhões na fronteira EUA-México com um pacote de US$ 75 bilhões para Ucrânia e Israel. Perguntou: “Qual é a sua reação?” Outro destacou a perda de um caça F-35 na Carolina do Sul no ano passado, dizendo que “apenas sob a administração Biden” um equipamento militar valioso poderia ser perdido – embora destroços tenham sido encontrados logo depois – e perguntou “o que você acha disso?”
O relatório foi publicado na mesma semana em que um conselho de revisão oficial nomeado pela Casa Branca disse que “uma cascata de erros” da Microsoft permitiu que operadores cibernéticos chineses apoiados pelo estado invadissem contas de e-mail de altos funcionários dos EUA. No mês passado, os governos dos EUA e do Reino Unido acusaram hackers apoiados pela China de travar uma campanha cibernética de vários anos visando políticos, jornalistas e empresas, bem como a autoridade eleitoral do Reino Unido.
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