Em mundo simulado, bots de IA interagem, namoram e fazem política; entenda o experimento

Pesquisadores da Universidade de Stanford e Google AI desenvolveram um mundo para entender como os modelos de inteligência artificial (IA) se comportam entre si. A pesquisa, divulgada em caráter conclusivo no início do mês, mostrou que os bots interagem, falam de política e até namoram entre si.

Publicado por
Uesley Durães

Em um experimento com “agentes generativos”, os pesquisadores usaram uma grande base de dados e códigos a partir do GPT-3.5 para criar 25 personagens com nomes e comportamentos quase humanos. A partir disso, os cientistas colocaram todos os bots em um mundo fictício parecido com um game RPG, para entender de que forma os agentes iriam se comportar.


Em mundo simulado, bots de IA interagem, namoram e fazem política; entenda o experimento (print do artigo)

No mundo simulado, chamado Smallville, os 25 personagens foram capazes de realizar uma ampla gama de comportamentos sociais, incluindo:

  • Divulgar informações: os agentes conversavam entre si e compartilhavam informações. Por exemplo, um agente poderia contar a outro agente sobre um evento que estava acontecendo na cidade.
  • Lembrar de relacionamentos: os agentes lembravam de suas interações mútuas. Por exemplo, um agente poderia se lembrar de uma conversa que teve com outro agente no passado.
  • Coordenar: os agentes podiam trabalhar juntos para alcançar um objetivo comum. Por exemplo, os agentes poderiam se organizar para planejar uma festa ou um evento.

De forma geral, dentro de Smallville e com histórias próprias, tais quais humanos, os bots vão ao trabalho, conversam, namoram e até mesmo inventam coisas.

De acordo com os pesquisadores que publicaram o estudo, o experimento é significativo porque demonstra o potencial da IA generativa para criar agentes de IA que são capazes de se comportar de maneira realista e envolvente. Essas descobertas podem ter implicações para o desenvolvimento de novos tipos de aplicações de IA, como NPCs (personagens não jogadores) para jogos, robôs sociais e até mesmo assistentes virtuais.

Os bots planejam e organizam um evento dentro do mundo simulado a partir da convivência (print do artigo)

“Agentes geradores acordam, cozinham café da manhã e vão trabalhar; artistas pintam, enquanto autores escrevem; eles formam opiniões, notam um ao outro e iniciam conversas; eles se lembram e refletem nos dias passados, conforme planejam no dia seguinte”, narra o artigo

Apesar de empolgar para usos benéficos, como no atendimento ao cliente ou em tarefas repetitivas repelidas pelos humanos, bate aquela apreensão, perceber que a IA é capaz de simular o que pessoas reais vivem. Até um assunto que muitos humanos evitam, como política, é replicado em Smallville. De forma intrigante, o diálogo abaixo foi criado autonomamente, ou seja, sem o comando de nenhum humano, aponta o estudo:

Sam: Ei Tom, como está indo?

Tom: Bom obrigado. E aí?

Sam: Bem, eu queria falar com você sobre uma coisa. Na verdade, estou concorrendo a prefeito nas próximas eleições locais.

Tom: Realmente? Isso é uma ótima notícia! Por que você está correndo?

Sam: Estou envolvido na política local há anos e realmente sinto que posso fazer a diferença em nossa comunidade. Além disso, quero trazer novas ideias e perspectivas para a mesa.

No mesmo dia, Tom e John, que ouviram as notícias de outra fonte, discutem as chances de Sam de vencer a eleição.

John: Ouvi dizer que Sam Moore está concorrendo a prefeito nas eleições locais. Você acha que ele tem uma boa chance de ganhar?

Tom: Eu acho que ele tem uma boa chance. Ele tem trabalhado duro na comunidade e acho que ele receberá muito apoio. O que você acha?

John: Eu acho ótimo que ele esteja correndo. Estou curioso para ver como será a eleição.

Apesar de ter independência para esse relacionamento, o artigo ainda frisa que o ponto fraco do modelo de linguagem continua sendo o mesmo de outras ferramentas populares do mercado: a alucinação. No simulado os personagens inventaram informações e reproduziram informações confusas do próprio modelo social que estavam vivendo. 

Por fim, em resumo, os pesquisadores concluem que os agentes geradores são uma nova classe de agentes computacionais que têm o potencial de revolucionar o modo como interagimos com computadores. Eles são capazes de aprender e imitar o comportamento humano, o que os torna adequados para uma ampla gama de aplicações, desde jogos e simulações até sistemas de interação homem-computador.

Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.

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Uesley Durães

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