No dia 14 de junho de 2024 teve início a 17ª edição da EURO 2024, o Campeonato Europeu de Futebol da UEFA, tendo como sede a Alemanha – a primeira vez desde a reunificação do país em 1990. Entretanto, nesta edição, outros pares de olhos – além dos da torcida – se direcionam ao campo e aos jogadores: os da inteligência artificial (IA).
Na EURO 2024, os árbitros poderão acompanhar o desenrolar do jogo de forma mais precisa com o apoio de instrumentos do Árbitro Assistente de Vídeo (VAR) impulsionados por IA.
Apesar do uso de tecnologia avançada ser algo comum dentro do mundo do futebol e do esporte de uma forma geral, o uso de tecnologia de ponta vem se tornando um fenômeno cada vez mais comum nos campos. Seja para análise de performance, monitoramento da saúde dos jogadores ou – como é o caso dentro da UEFA – para a construção de uma arbitragem mais assertiva.
Desde a sua introdução em 2016, o VAR tem sido amplamente discutido entre os fãs de futebol. As inconsistências na aplicação da tecnologia pelos árbitros e o tempo necessário para tomar decisões muitas vezes geram descontentamento.
Segundo um artigo publicado na revista Nature, uma versão atualizada e semiautomatizada da tecnologia, que incorpora IA avançada e um chip de rastreamento em tempo real embutido na bola, foi utilizada pela primeira vez em um grande torneio global na Copa do Mundo FIFA 2022 no Qatar. A Euro 2024 apresentará sua versão mais recente.
De acordo com Vitor Roma, CEO da keeggo, uma empresa de consultoria em tecnologia, o uso de IA pode mudar o papel do árbitro ao longo de um jogo ao oferecer suporte na análise de lances controversos e na construção de decisões mais justas. No entanto, decisões críticas, interpretações complexas de regras ou normas subjetivas ainda dependem do discernimento humano.
“Com a IA, a arbitragem está se tornando mais precisa em muitos aspectos, especialmente na correção de erros evidentes. No entanto, ainda há margem para erros, pois a tecnologia pode não captar nuances subjetivas ou interpretativas que os árbitros humanos consideram. É possível que um dia a arbitragem seja totalmente automatizada em certos aspectos, como em decisões objetivas sobre posicionamento de jogadores ou marcação de gols.”, comenta o executivo.
Em relação ao funcionamento das novas tecnologias de IA em conjunto com o VAR, John Eric Goff, um físico esportivo da Universidade de Lynchburg, detalha para a Nature que acima do campo de futebol, 10 câmeras instaladas no teto do estádio monitoram 29 pontos no corpo de cada jogador. Com 22 jogadores em campo, mais de 600 pontos estão em movimento. Esses dados são enviados a um computador cinquenta vezes por segundo. Todas essas câmeras conseguem, essencialmente, determinar em tempo real a localização dos jogadores no campo, a posição da bola e a velocidade de movimento da bola, dos jogadores e de suas partes do corpo.
Além do VAR, outras iniciativas relacionando ao esporte vem povoando o mercado. O TacticAI é um exemplo desse tipo de iniciativa. Desenvolvido pela DeepMind, braço de IA do Google, a ferramenta analisa a posição de cada jogador ao longo da partida – além de sua altura e peso – para prever quem cabeceará a bola lançada na grande área após uma cobrança. O projeto contou com o apoio do clube inglês Liverpool FC.
O TacticAI foi treinado com dados de 7.176 escanteios da temporada 2020-2021 da Premier League, a primeira divisão do futebol inglês. Ao analisar cada lance, ele aprendeu a antecipar qual jogador seria o primeiro a tocar na bola. Nos testes, o TacticAI sugeriu três candidatos, e a resposta correta estava entre eles em 78% das vezes.
Dentro do futebol, a utilização dessas tecnologias é importante para detectar, por exemplo, violações da regra do impedimento (conhecida como impedimento semiautomatizado). A IA pode renderizar os 29 pontos de dados coletados para cada jogador em três dimensões. Usando esses dados, ela pode preencher a forma do jogador além dos 29 pontos, baseando-se em algoritmos para estruturas esqueléticas. Assim, pode determinar onde uma determinada parte do corpo está em relação ao plano que representa um impedimento.
“As próximas evoluções na IA para arbitragem podem incluir melhorias na precisão dos sistemas de detecção e análise de lances, integração de dados biométricos para avaliar simulações de jogadores e desenvolvimento de algoritmos mais avançados para análise em tempo real.”, finaliza Vitor sobre possíveis desenvolvimentos das IAs em arbitragem.
O mercado ainda parece estar longe de ter árbitros robóticos. Faltas e a aplicação de cartões amarelos ou vermelhos exigem a tomada de decisão humana.
Quanto ao futuro, já existem debates envolvendo lentes de contato de realidade virtual (RV) que poderiam ser usadas pelos árbitros para mostrar os tipos de dados fornecidos pela IA em tempo real. Quanto mais rápido o poder computacional, mais será possível analisar grandes conjuntos de dados e renderizá-los rapidamente.
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