A Microsoft afirma ter “ouvido o feedback” após uma polêmica sobre Recall, uma nova ferramenta que captura regularmente capturas de tela das atividades dos usuários.
Quando foi revelada em maio de 2024, críticos a rotularam como um possível “pesadelo de privacidade”, o que levou a gigante da tecnologia a adiar o seu lançamento.
Agora, a empresa planeja relançar a ferramenta alimentada por inteligência artificial (IA) em novembro, nos novos computadores CoPilot+.
Algumas das funcionalidades mais controversas foram removidas – por exemplo, a nova versão será opcional, enquanto a original era ativada por padrão.
A controvérsia sobre a ferramenta Recall fez com que o Escritório do Comissário de Informações (ICO), órgão de fiscalização de dados do Reino Unido, “fizesse questionamentos” à empresa sobre a ferramenta.
O órgão declarou ter sido informado de que uma “série de mudanças” foi implementada no produto.
“Continuaremos avaliando o Recall enquanto a Microsoft avança em direção ao lançamento”, afirmou o ICO em um comunicado.
Quando anunciou a ferramenta pela primeira vez, durante sua conferência de desenvolvedores em maio, a Microsoft disse que a IA permitiria “acessar praticamente tudo o que você já viu em seu PC”, comparando-a a uma memória fotográfica.
A ferramenta Recall poderia buscar atividades anteriores dos usuários, incluindo arquivos, fotos, e-mails e histórico de navegação.
Ela foi projetada para ajudar as pessoas a encontrar coisas que já haviam visualizado ou trabalhado, buscando capturas de tela da área de trabalho tiradas a cada poucos segundos.
No entanto, críticos rapidamente expressaram preocupações devido à quantidade de dados sensíveis que o sistema capturaria, com um especialista classificando a ferramenta como um possível “pesadelo de privacidade”.
O Recall nunca foi disponibilizado publicamente.
Uma versão da ferramenta estava programada para ser lançada com os computadores CoPilot+ – que a Microsoft apresentou como os PCs Windows mais rápidos e inteligentes já construídos – quando foram lançados em junho, após a empresa garantir que havia feito mudanças para torná-la mais segura.
Mas o lançamento foi novamente adiado e agora está previsto para o outono. A empresa também anunciou medidas extras de segurança para a ferramenta.
“O Recall é uma experiência opcional. As capturas de tela e qualquer informação associada são sempre criptografadas”, disse Pavan Davuluri, vice-presidente corporativo da Microsoft para Windows e dispositivos.
Ele acrescentou que “o Windows oferece ferramentas para ajudar a controlar sua privacidade e personalizar o que será salvo para ser encontrado posteriormente”.
No entanto, um blog técnico sobre a ferramenta afirma que “dados de diagnóstico” podem ser compartilhados com a empresa, dependendo das configurações de privacidade de cada usuário.
A empresa também informou que as capturas de tela só podem ser acessadas com um login biométrico, e informações sensíveis, como dados de cartões de crédito, não serão capturadas por padrão.
O Recall estará disponível apenas na linha CoPilot+ de laptops personalizados, que contam com poderosos chips de IA integrados.
O professor Alan Woodward, especialista em cibersegurança da Universidade de Surrey, disse que as novas medidas representam uma melhora significativa.
“Antes de qualquer funcionalidade como o Recall ser implementada, os aspectos de segurança e privacidade precisam ser testados de forma abrangente”, afirmou.
No entanto, ele acrescentou que não tem pressa em usar a ferramenta.
“Pessoalmente, eu não optaria por ela até que fosse testada no mundo real por algum tempo.”
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