Um tribunal russo começou a julgar, nesta segunda-feira (19), o opositor detido Alexei Navalny, grande inimigo do Kremlin, em novo julgamento, agora por "extremismo", no qual ele poderá ser condenado a décadas de prisão, em um contexto de repressão na Rússia pelo conflito na Ucrânia.
Desde o início da campanha militar na Ucrânia, em fevereiro de 2022, muitos principais opositores que não fugiram da Rússia foram presos ou perseguidos, principalmente por críticas ao conflito.
Navalny, conhecido por suas investigações anticorrupção, já cumpre pena de nove anos de prisão por “fraude”, uma condenação que ele denuncia como política. O opositor de 47 anos, que sobreviveu a uma tentativa de envenenamento em 2020, que ele atribui ao Kremlin, está preso desde janeiro de 2021.
Agora ele pode ser condenado a até 30 anos de prisão neste novo processo, no qual é acusado de “extremismo” e de ter “reabilitado a ideologia nazista”.
O processo começou na colônia penal de alta segurança IK-6 em Melejovo, 250 quilômetros ao leste de Moscou, segundo um correspondente da AFP. Navalny estava na sala de audiência com seus advogados. “Meus pais estão aqui, peço que os deixem entrar na sala”, pediu o opositor no início do julgamento. Navalny também afirma que pesa sobre ele um caso de “terrorismo” que pode levar à prisão perpétua, mas poucos detalhes foram divulgados sobre este caso.
Os termos da acusação de “extremismo” não são muito claros. A defesa de Navalny teve apenas 10 dias para examinar os 196 volumes do caso. “Embora esteja claro, vendo a maior parte dos volumes, que sou um criminoso metódico e diligente, é impossível entender com precisão do que sou acusado”, disse recentemente o opositor, com ironia.
O ativista acusa o Kremlin de querer mantê-lo atrás das grades por toda a vida para fazê-lo pagar por suas críticas, que ele não parou de alimentar apesar de estar preso. Por meio de sua equipe, Navalny continua divulgando suas opiniões nas redes sociais, principalmente para denunciar a ofensiva na Ucrânia.
Navalny “está sendo julgado por sua atividade política”, disse à AFP uma de suas porta-vozes, Kira Yarmysh. De acordo com pessoas próximas a ele, o opositor é submetido a um tratamento particularmente severo na prisão, onde perdeu peso e é colocado em regime de isolamento ao menor pretexto.
Assim como Navalny, adversários mais conhecidos que não foram para o exílio foram presos nos últimos anos, principalmente desde o início do conflito na Ucrânia.
É o caso, por exemplo, de Vladimir Kara-Murza, condenado em abril a 25 anos de prisão por “alta traição”, ou o de Ilya Yashin, condenado em dezembro a oito anos e meio de prisão por ter criticado a ofensiva na Ucrânia.
Este post foi modificado pela última vez em 19 de junho de 2023 08:37
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