O metaverso no auxílio da saúde: conheça a startup brasileira que usa realidade virtual para o ensino da medicina

O metaverso engloba uma série de ações que, em tese, poderíamos realizar dentro da web3.0. Ações cotidianas como malhar, comprar e frequentar reuniões seriam otimizadas no ambiente virtual, como defendem os teóricos da tecnologia. Mas você já imaginou poder realizar uma consulta através do metaverso, ou estudar medicina com o auxílio da realidade virtual? Isso não está tão distante assim. Uma startup brasileira se tornou pioneira no ensino em saúde através da tecnologia no Brasil. Entrevistamos o CEO da MedRoom, Vinicius Gusmão, para entender como o metaverso pode contribuir para a área da saúde.

Publicado por
Uesley Durães

Para Vinicius Gusmão, a tecnologia tem transformado o mundo em todas as áreas, e muitas empresas não têm acompanhado essa fluidez. “A indústria nos pede experiências inéditas de treinamento e de negócios porque os modelos tradicionais não produzem mais o efeito desejado. A imersão que o mundo de realidade virtual permite, gera uma nova forma de conexão e interação que antes não seria possível”, pontuou o executivo. 

Presente em mais de 40 instituições de ensino no Brasil e no exterior, a MedRoom está em franca expansão.

Durante a nossa troca de ideia, o responsável pelas operações da startup explicou de que forma a realidade virtual auxilia no ensino da medicina, e também contou sobre os desafios da popularização da tecnologia no Brasil.

Anatomia através da realidade virtual. (Reprodução/MedRoom)

A MedRoom foi a primeira edtech a se destacar usando artifícios do metaverso para a educação. A startup é considerada uma das pioneiras na atribuição de realidade virtual no ensino da medicina no Brasil. Como surgiu essa ideia?

Fundamos a MedRoom em 2016, para resolver algumas dores no ensino de saúde dentro e fora do Brasil, desenvolvendo experiências e simulações em realidade virtual (VR, na sigla em inglês) destinadas ao treinamento e educação em saúde. Sabemos que existe uma enorme diferença entre a teoria e a prática no ensino das universidades e assim criamos um laboratório virtual pelo qual estudantes podem analisar a anatomia e a fisiologia do corpo em detalhes.

Por definição, metaverso é um ambiente virtual em 3D, habitado ou controlado, por pessoas reais. A MedRoom sempre esteve alinhada com esta tendência desde sua fundação. Exploramos o aprendizado em VR, propondo interação e observação em um cenário virtual que se relaciona com o espaço físico do usuário. Lançamos em 2021 um aplicativo para o ensino à distância e, assim, conseguimos agrupar nossas soluções de ensino em VR, app em smartphones e na web. Desta forma, somos um case de sucesso no conceito de metaverso dentro do Brasil. 

De que forma a tecnologia da realidade virtual aliada aos conhecimentos técnicos podem revolucionar a medicina?

Criamos um universo virtual que pode ser acessado através de lugares diferentes, em momentos diferentes, com o objetivo de otimizar o aprendizado das pessoas e fazer com que elas lembrem do que aprenderam por mais tempo. Existe bastante literatura sendo produzida demonstrando o impacto da realidade virtual no ensino e na saúde com dados muito empolgantes. Aprendizado mais rápido, retenção do conhecimento por muito mais tempo, maior engajamento dos alunos.

A ferramenta não só ajuda a diminuir a curva de aprendizado em diversas Instituições de Ensino em Saúde, como permite que os estudantes treinem e apliquem na prática seus conhecimentos, chegando o mais perto possível da realidade vivenciada na profissão e, consequentemente, reduzindo possíveis erros médicos no futuro. Além disso, desenvolvem atributos que são essenciais para os profissionais de saúde, como a análise, o conhecimento e a empatia com a pessoa que está à sua frente.

O ensino da medicina via realidade virtual e a possibilidade de auxiliar a saúde das pessoas por meio do próprio metaverso são fatores ambiciosos para esse novo momento da humanidade. Já ficou provado que muita coisa consegue ser feita através da tecnologia, mas tem algo que ainda não é possível de ser explorado?

Não se trata de um método, porém ainda temos um desafio muito grande em democratizar o acesso à tecnologias de ponta. Explorar os gadgets que as pessoas já tenham em casa é fundamental para democratizar o acesso.  Alguns caminhos que se abrem é a escala de uma plataforma como a nossa para outras áreas do conhecimento, como veterinária, engenharia ou até mesmo direito. Existe também a possibilidade de aprofundarmos ainda mais as simulações na área da saúde, trazendo pacientes cada vez mais realistas ou até mesmo simulando pacientes reais para treinamentos pré-cirúrgicos.

Quais os planos de expansão por parte da startup, acreditam que o metaverso continua sendo a grande aposta da MedRoom, levando em consideração a expansão da web3.0?

Neste ano começamos a entregar novas soluções além da anatomia em realidade virtual, que é o carro chefe da empresa. Lançamos nosso aplicativo para smartphone que, integrado ao laboratório de anatomia em realidade virtual (Atrium), promove acesso aos conteúdos mesmo fora da sala de aula. Outra novidade são as simulações clínicas. Estamos criando simulações de atendimento ao paciente dentro da realidade virtual com a finalidade de dar mais segurança e preparar o aluno para a prática. As primeiras simulações estão sendo entregues agora e temos uma esteira de desenvolvimento de mais de 30 casos clínicos.

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Uesley Durães

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