A grande repercussão da Inteligência Artificial (IA) generativa, assim como o impacto desse tipo de tecnologia no setor financeiro, não são assuntos novos. Entretanto, vivemos um cenário inédito em que toda essa movimentação está deixando o primeiro momento do hype generalizado e passa a apresentar soluções tangíveis para problemas reais do mercado.
Nas últimas semanas, recebemos notícias interessantes de grandes investimentos de gigantes do setor financeiro usando IA para potencializar os produtos, a experiência do cliente, bem como aumentar a eficiência ou a rentabilização dos ativos. É o caso do JPMorgan, terceira maior organização do mundo da área, que registrou recentemente a patente do indexGPT.
Essa ferramenta nada mais é que uma IA generativa que se propõe a funcionar como um assessor, trazendo informações referentes ao setor, além de dar conselhos sobre investimentos. A tecnologia e os dados que a sustentam são, na opinião do CEO da empresa, Jamie Dimon, fundamentais para o sucesso e o futuro da organização.
Pouco tempo antes, a agência de notícias Bloomberg também anunciou o BloombergGPT, uma IA generativa proprietária desenvolvida dentro da companhia a partir de uma massa de dados gigantesca coletada, criada e organizada ao longo de 40 anos. A nova ferramenta pretende auxiliar em tarefas como a análise de sentimentos, o reconhecimento de entidades nomeadas e a classificação automática de notícias. Segundo o CTO da Bloomberg, Shawn Edwards, a expectativa é que essa nova ferramenta amplie os horizontes tecnológicos da empresa, reduzindo o time-to-market e melhorando o desempenho de aplicações desenvolvidas.
Além do setor financeiro, outras IAs Generativas estão em curso em diversas áreas, como automobilística, educação e logística, entre outras. O momento é empolgante, pois é possível observar a maturidade das empresas crescendo nesse assunto, conseguindo colocar em prática a utilização desse tipo de tecnologia na resolução de problemas que geram valor real para o negócio.
Contudo, mesmo com avanços consideráveis, ainda há um longo caminho pela frente. No mercado brasileiro, por exemplo, duas situações ainda são muito comuns: a primeira é a falta de informação concreta e consolidada sobre a segurança das ferramentas. Já a segunda é a utilização errada da ferramenta no que tange aos fatos e às pessoas.
A questão da segurança da informação ainda é bastante nebulosa com relação às IAs generativas, pois não há uma clareza no mercado sobre quais informações são retidas para melhoria do serviço e como essas informações são utilizadas ou disponibilizadas a outros usuários. Além disso, ainda há uma parcela enorme de pessoas utilizando a ferramenta como mecanismo de busca para fatos e pessoas, finalidade a qual ela não se propõe.
A exemplo disso, está o ChatGPT, que já demonstrou falhas preocupantes por inventar fatos e informações sobre pessoas, além de enviar citações de artigos científicos que não existem. Isso ocorre porque sua finalidade é a de geração de textos e não a busca de informações on-line.
Nesse sentido, é importantíssimo que as empresas desenvolvam as equipes para um melhor entendimento e aproveitamento das IAs generativas. Afinal, é inegável que essas ferramentas serão parte importante do sucesso de entrega das empresas. Mas isso só acontecerá com uma correta utilização e a consciência sobre como utilizá-las para gerar valor tangível.
Neylson Crepalde é CTO (Chief Technology Officer) da A3Data, consultoria especializada em dados e inteligência artificial, é PhD em Sociologia Econômica e das Organizações e professor de Engenharia de Dados e Cloud Computing na PUC Minas.
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