O Papa Francisco se tornou o primeiro pontífice a discursar em uma cúpula do Grupo dos Sete (G7), alertando os líderes mundiais, nesta sexta-feira (14) ,sobre a importância de garantir que a inteligência artificial (IA) nunca tenha mais controle do que a humanidade.
Diversos líderes globais receberam calorosamente o pontífice de 87 anos enquanto ele se movimentava ao redor da enorme mesa oval em sua cadeira de rodas, uma necessidade devido à sua idade e limitações de mobilidade.
O papa destacou que a IA representa uma “transformação epochal” para a humanidade, mas enfatizou a necessidade de uma supervisão rigorosa dessa tecnologia em constante desenvolvimento para preservar a vida e a dignidade humana. “Nenhuma máquina deve jamais ter o poder de decidir sobre a vida de um ser humano“, afirmou, acrescentando que as pessoas não devem permitir que algoritmos superpotentes determinem seus destinos.
“Condenaríamos a humanidade a um futuro sem esperança se tirássemos das pessoas a capacidade de tomar decisões sobre si mesmas e suas vidas, condenando-as a depender das escolhas das máquinas”, advertiu.
O G7 reúne os líderes dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Japão. Além disso, a anfitriã da cúpula, a Primeira-Ministra italiana Giorgia Meloni, convidou dez outras nações para participar das discussões na sexta-feira, incluindo o primeiro-ministro da Índia e os presidentes da Turquia e do Quênia.
Ao entrar na sala de conferências antes de seu discurso, Francisco foi calorosamente acolhido pelo presidente argentino Javier Milei, recebeu um abraço do rei Abdullah da Jordânia, um beijo do Primeiro-Ministro canadense Justin Trudeau e teve uma longa conversa ao pé do ouvido com o presidente dos EUA Joe Biden.
O Papa Francisco reconheceu a ambivalência em torno da IA, afirmando que ela pode inspirar entusiasmo e ampliar o acesso ao conhecimento globalmente. “No entanto, ao mesmo tempo, pode trazer consigo uma maior injustiça entre nações avançadas e em desenvolvimento ou entre classes sociais dominantes e oprimidas”, observou.
“É responsabilidade de todos fazer bom uso da IA, mas cabe à política criar as condições para que esse uso seja possível e frutífero“, acrescentou.
No início deste ano, a Itália aprovou um projeto de lei visando estabelecer regras básicas para o uso da IA e definir sanções para crimes relacionados à IA. Meloni alertou repetidamente sobre os riscos que a IA representa para o mercado de trabalho.
Em um rascunho de sua declaração final, o G7 afirmou que elaborará um plano para antecipar as necessidades futuras de habilidades e educação para aproveitar a revolução iminente da IA.
O papa destacou o potencial da IA para assumir tarefas intensivas em mão-de-obra e promover um “avanço exponencial da pesquisa científica”, mas também alertou que as máquinas podem ser induzidas a disseminar informações falsas. “Ela não desenvolve novas análises ou conceitos, mas repete os que encontra“, disse, apontando o risco de legitimar notícias falsas e fortalecer culturas já dominantes.
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