A recente aprovação por unanimidade na ONU da primeira resolução global sobre inteligência artificial (IA) é um marco importante, mas com ressalvas. Embora não seja vinculativa, o documento representa um consenso internacional sobre a necessidade de se monitorar os riscos da IA e proteger os direitos humanos em sua utilização.
Alguns pontos positivos merecem destaque. A resolução incentiva o fortalecimento das políticas de privacidade, algo crucial para a proteção de dados pessoais na era da inteligência artificial. Além disso, ela reconhece a importância de se projetar e desenvolver sistemas de IA de forma segura, evitando usos indevidos que possam violar direitos fundamentais.
No entanto, é preciso cautela. A resolução não possui poder legal para obrigar os países a adotarem medidas concretas. Isso é particularmente preocupante diante da menção a “conversas acaloradas” durante as negociações, envolvendo potências como China e Rússia, que possuem histórico de divergências com os Estados Unidos em temas relacionados à tecnologia e direitos humanos.
É importante observar também que a Europa já demonstra maior proatividade na regulamentação da IA, enquanto os EUA ainda enfrentam impasses políticos internos. O sucesso da resolução a longo prazo dependerá do comprometimento real dos países em traduzir esses princípios em políticas nacionais efetivas.
Em resumo, a aprovação da resolução é um passo positivo, mas apenas inicial, rumo à governança global da IA. O desafio agora é transformar boas intenções em ações concretas que garantam o desenvolvimento ético e responsável dessa poderosa tecnologia.
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