Créditos da imagem: AFP

Peru antecipa eleições gerais para abril de 2024

O Congresso do Peru aprovou, nesta terça-feira (20), a antecipação das eleições gerais de 2026 para 2024, na tentativa de atenuar a crise gerada após a tentativa fracassada de autogolpe de Estado do ex-presidente Pedro Castillo, que acabou sendo destituído. Na sessão plenária, a proposta alcançou 93 votos a favor, 30 contra e uma abstenção. A reforma precisava do apoio de 87 legisladores e contempla também que a atual governante, Dina Boluarte, entregue o mandato ao ganhador do novo pleito em julho de 2024.

Boluarte, cuja renúncia está entre as exigências dos protestos que abalaram o país nas últimas semanas, garante que está disposta a sair dentro dos novos prazos.

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De acordo com pesquisas de opinião, 83% da população é favorável ao adiantamento do pleito. Mais cedo, o presidente do Júri Nacional de Eleições, Jorge Salas, garantiu que “o sistema eleitoral está em condições de assumir o desafio de adiantar as eleições para dezembro de 2023”.

Desde que começaram em 7 de dezembro, as manifestações já deixaram 21 mortos, o que gerou preocupação entre organizações de defesa dos direitos humanos.

Nesta terça-feira (20), uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), chefiada pela secretária Tania Reneaum, chegou a Lima para se reunir com autoridades “a fim de receber informações sobre a crise institucional e os protestos”. A CIDH se reuniu com Boluarte no Palácio de Governo, e planeja visitar algumas cidades do país.

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Recomposição do gabinete

Boluarte, que está no cargo há 13 dias, irá reformar seu gabinete, conforme anunciou, incluindo uma mudança de primeiro-ministro, para privilegiar a designação de funcionários com mais experiência política, a fim de buscar uma saída para a crise. Embora o anúncio estivesse marcado para esta terça-feira (20), foi adiado até novo aviso.

A pasta de Transportes informou que foram retomadas hoje as operações no aeroporto Inca Manco Cápac, de Juliaca, região de Puno (sul), depois de 6 dias de fechamento por causa das manifestações. Outros terminais aéreos que permaneceram fechados também já estavam operando.

As visitas à cidadela inca de Machu Picchu se encontram suspensas desde 14 de dezembro, para garantir a segurança dos turistas por causa dos protestos.

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Algumas manifestações seguiam ativas nesta terça (20) no sul do país. Na Plaza de Armas da cidade de Cusco (sudeste), antes da aprovação do adiantamento pelo Congresso, centenas de pessoas, a maioria mulheres em coloridos trajes típicos, marchavam com um caixão de papelão com a imagem de Boluarte e pediam a antecipação.

Como parte dos protestos, em Ayacucho, 8 manifestantes morreram na semana passada em um confronto com militares, durante uma tentativa de tomar um aeroporto. A Defensoria pediu uma investigação criminal, porque várias mortes ocorreram por disparos à queima-roupa.

Segundo o último relatório da Defensoria do Povo, desde seu início, os protestos deixaram 21 mortos e mais de 650 feridos em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

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Castillo perdeu o poder no mesmo dia, depois de tentar fechar o Congresso, intervir no Judiciário, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte. Seu pedido não conseguiu respaldo institucional, por isso o ex-presidente foi preso, sob a acusação de rebelião, quando tentava chegar à embaixada mexicana para pedir asilo.

O chanceler do México, Marcelo Ebrard, confirmou que a mulher e os filhos de Castillo se refugiaram na embaixada mexicana em Lima. Em retaliação, o governo peruano declarou o embaixador do México no país “persona non grata” e deu a ele “72 horas para deixar” o Peru.

(com AFP)

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