Créditos da imagem: AFP

Senador uruguaio acusado de abuso sexual de menores perde imunidade

O Senado do Uruguai suspendeu, nesta quarta-feira (7), a imunidade parlamentar do senador Gustavo Penadés, investigado por múltiplas denúncias de abuso e exploração sexual de menores.

Com isso, Penadés, um proeminente senador do partido governista de centro-direita do presidente Luis Lacalle Pou ficou à disposição dos tribunais.

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Por unanimidade, o Senado votou a favor da perda da imunidade solicitada pela Justiça a pedido da Ministério Público, que colheu depoimentos de oito supostas vítimas e tem conhecimento de mais quatro.

A maioria dos que depuseram “tinha pouca idade” na época do abuso e da exploração, a maior parte “13 e 14 anos”. Os fatos ocorridos se estenderam por vários anos, havendo, inclusive, um testemunho de 2020, conforme detalhes do caso revelados durante a sessão.

“Em um caso já antigo, a vítima era apenas um garoto de um time de futebol que o próprio Penadés organizava quando ainda era adolescente”, diz o documento do MP.

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Previsto na Lei 17.815 de 2004, o crime de exploração sexual de crianças e adolescentes tem pena de dois a 12 anos de reclusão.

“A suspensão do privilégio não implica uma atribuição de responsabilidade ao senador. O que implica é poder aprofundar a investigação e eventualmente solicitar a instauração de um processo penal”, explicou à AFP o porta-voz do Ministério Público, Javier Benech.

Penadés, de 57 anos, que pediu licença do Senado e também da presidência do Parlamento do Mercosul (Parlasul), que exerce este ano, nunca se opôs à perda da imunidade, mas negou “categoricamente” as acusações.

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Na terça-feira, o parlamentar deixou o governista Partido Nacional, no qual teve uma longa carreira parlamentar desde que começou a atuar na política, na década de 1980.

Denúncias

O Procurador-Geral da Nação, Juan Gómez, ordenou uma investigação oficial sobre Penadés no final de março, após as declarações públicas de Romina Celeste Papasso, uma mulher trans militante do Partido Nacional.

“Vou falar sobre um pedófilo que temos envolvido com a política há 30 anos”, disse Papasso no dia 26 de março no Twitter, afirmando que o homem em questão havia pago a ela por ter tido relações sexuais quando ela tinha 13 anos e ainda se identificava como homem.

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Dois dias depois, Papasso revelou no programa de televisão HLQP que essa pessoa era Penadés.

Em 29 de março, em um comunicado público, Penadés negou “veementemente” essas acusações e mencionou sua condição de homossexual, rejeitando a possibilidade de ser acusado de “pedófilo” por isso.

“Rejeito veementemente as declarações ofensivas, cujo único propósito é me expor ao escárnio público”, disse.

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Desde então, outras pessoas, que não revelaram seus nomes, contaram à imprensa terem vivido experiências semelhantes às de Papasso.

Um homem relatou ao jornal El Observador um encontro sexual com Penadés em um motel em Punta del Este há mais de 20 anos, pelo qual o político lhe deu dinheiro. Ele disse que tinha 17 anos na época e que Penadés sabia que ele era menor de idade.

Penadés voltou a negar tais acusações em 25 de maio, quando compareceu como interrogado no caso conduzido pela promotora de Crimes Sexuais, Alicia Ghione.

“Não cometi nenhum crime”, disse aos jornalistas na ocasião.

Nesse mesmo dia, o professor de história do Liceu Militar, Sebastián Mauvezin, também prestou depoimento, sendo investigado por Ghione como suposto facilitador dos supostos encontros sexuais de Penadés com menores.

O contrato de trabalho do professor foi rescindido nesta quarta-feira, após o relatório da Promotoria, que foi revelado durante a sessão do Senado, segundo fontes do Ministério da Defesa.

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