As Nações Unidas estimam que mantendo o ritmo atual haverá 575 milhões de pessoas vivendo na pobreza extrema em 2030. A maioria delas na África Subsaariana. Na segunda-feira (11), a organização divulgou um estudo apontando que o problema ainda está longe da erradicação, apesar de uma queda de 30% observada nesse parâmetro desde 2015.
O “Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2023: Edição especial Rumo a um plano de resgate para as pessoas e o planeta” ressalta que o mundo está recuando aos níveis de fome que não eram vistos desde 2005.
A publicação do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Desa) revela que 2,3 bilhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave em 2021.
Para o subsecretário-geral dos Assuntos Econômicos e Sociais, Li Junhua, a imagem completa do progresso em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é decepcionante.
O chefe do Desa explicou que dos 140 alvos definidos, somente 15% estão a caminho de ser alcançados até 2030. Ele defendeu que a estimativa de cumprimento em abril era de 12%.
A desnutrição infantil ainda é uma “preocupação global”.
O lançamento do estudo acompanha o Fórum Político de Alto Nível de 2023 sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece até 19 de julho na sede da ONU em Nova Iorque. O evento pretende impulsionar ações transformadoras nesse sentido.
O documento soa o alarme em relação aos avanços após dados que foram atualizados após abril deste ano. A grande meta é que o fórum global possa conduzir a um plano internacional de resgate.
Em 30% das metas dos ODS não houve progresso ou ocorreu uma regressão ao ser analisada a evolução desde 2015. Em cerca de metade delas ocorreu um desvio moderado ou grave em relação à trajetória desejada.
O especialista explicou que somente cerca de um terço das nações do mundo alcançará a meta de reduzir a pobreza pela metade até 2030.
Cerca de 600 milhões de habitantes do planeta enfrentarão fome e outros 300 milhões de menores ou jovens, que frequentam a escola, ainda não saberão ler ou escrever.
De acordo com o levantamento, seriam precisos 280 anos para fechar a lacuna de gênero na proteção legal e retirar leis discriminatórias.
Em termos ambientais, as emissões de CO2 continuam subindo, o acesso à energia renovável continua baixo e diversas espécies de animais seguem ameaçadas de extinção em meio a desastres climáticos que aumentam de intensidade.
Nessa realidade, a ONU aponta como uma razão de esperança a existência de conhecimento e ferramentas para realizar a transformação necessária em campos que vão desde o acesso à saúde, a luta contra a mudança climática até ao combate à desigualdade e ao nivelamento do acesso à energia.
A pandemia encerrou uma tendência de queda na pobreza extrema, quando as pessoas rendem menos de US$ 2,15 por dia para viver.
O relatório destaca que está em “perigo” o cumprimento das metas de erradicação da pobreza extrema, de melhoria do acesso à água potável e da tomada de medidas rumo o desenvolvimento sustentável para toda a humanidade.
Em relação aos 17 ODS que devem ser implementadas até o final da década, o secretário-geral António Guterres disse que “a menos que ajamos agora, a Agenda 2030 pode se tornar um mote para um mundo que poderia ter existido”.
Mais da metade dos habitantes do planeta provavelmente está ficando para trás, num momento em que avanços nas metas de desenvolvimento sustentável estão “desaparecendo no espelho retrovisor”, conforme descreve o documento.
A edição especial do estudo descreve o cenário atual propondo uma plataforma para que os líderes possam partilhar suas ideias e apelos à ação em favor do progresso em direção aos ODS.
(Com ONU News)
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