AIE prevê pico da demanda mundial de petróleo até o fim da década

A demanda mundial de petróleo pode alcançar o pico até o fim da atual década, porque a crise energética acelerou a transição para tecnologias menos poluentes, anunciou nesta quarta-feira (14) a Agência Internacional de Energia (AIE).

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Agence France-Presse

A AIE prevê em seu relatório anual sobre o mercado de petróleo que o crescimento da demanda de petróleo vai registrar uma desaceleração significativa nos próximos cinco anos.

“A transição para uma economia de energia limpa está acelerando, com um pico na demanda global de petróleo previsto para antes do final desta década, à medida que os veículos elétricos, a eficiência energética e outras tecnologias avançam”, afirmou o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, em um comunicado.

No relatório de 2023, um estudo de mercado para os próximos cinco anos, a AIE projeta que a demanda mundial de petróleo vai continuar aumentando, mas que a expansão “deve desacelerar significativamente até 2028”.

As estimativas apontam o pico da demanda para antes do que era previsto nos relatórios anteriores. No documento “Perspectivas da Energia no Mundo” de 2022, a AIE havia projetado um “avanço da demanda mundial de petróleo, apesar dos preços elevados, com um pico e a estabilização depois de 2035”.

Mas a crise energética iniciada durante a recuperação pós-pandemia em 2021, agravada com a guerra na Ucrânia em 2022, afetou as previsões.

“Os preços elevados da energia e os problemas de segurança do fornecimento evidenciados pela crise energética mundial”, agravada pelo conflito na Ucrânia, aceleram a transição para tecnologias de energia mais limpas”, destacou a AIE, que tem sede em Paris e é uma agência autônoma da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

Segundo as novas previsões, a demanda por gasolina vai cair a partir de 2023, e o “uso de petróleo com combustível de transporte deve cair depois de 2026”.

Entre os países da OCDE — grupo de 38 nações, que inclui Estados Unidos, Japão, entre outros —, o cenário pode representar uma redução da demanda de petróleo a partir de 2024.

Recorde de investimento

Mas a tendência será desigual, e nem todos os países adotarão a mesma velocidade. Além disso, a queda será freada pela demanda por produtos petroquímicos, que está no “auge”, e pelo sólido do crescimento do consumo nas economias emergentes.

O crescimento da demanda na China, que é a segunda maior economia mundial, vai “desacelerar de maneira profunda a partir de 2024”.

“Os mercados globais de petróleo continuam com uma lenta ‘recalibração’ após três anos turbulentos, que foram afetados primeiro pela pandemia de covid-19 e depois pela invasão russa da Ucrânia”, destacou a AIE.

Nos próximos meses, os mercados “podem sofrer uma tensão considerável” como consequência “dos cortes de produção da aliança OPEP+”, liderada por Arábia Saudita e Rússia — que tem o objetivo de elevar os preços —, afirma o estudo, que projeta que a pressão pode “diminuir nos próximos anos”.

Apesar da desaceleração prevista para a demanda, os investimentos mundiais para exploração, extração e produção de petróleo e gás “caminham para atingir os níveis mais elevados desde 2015”, com uma alta anual de 11%, a 528 bilhões de dólares em 2023.

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