Ambientalistas de México e EUA defendem vida animal afetada por muro fronteiriço

O muro entre o México e os Estados Unidos também afeta a vida selvagem: ambientalistas de ambos os países estão determinados a resgatar o habitat natural de diferentes espécies, como felinos, ursos, ou cervos, que têm seus territórios perturbados pela polêmica estrutura.

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Isabella Caminoto

Um fotógrafo da Agência France Press (AFP) viajou até um ponto remoto na fronteira entre o estado americano do Arizona e o mexicano de Sonora. Nesta zona desértica, Edmon Harrity, da organização Sky Island Alliance, coloca uma moderna câmera no tronco de uma árvore para coletar dados sobre os movimentos dos animais.

“Estas terras não estão vazias. Estão cheias de vida selvagem e de diversidade. Construir uma enorme barreira humana tem repercussões”, alerta o ativista, ao acompanhar a AFP em uma caminhada pelas Patagonia Mountains, no Arizona.

Na área onde Harrity trabalha, uma intrincada cerca impede a passagem de veículos, mas a maioria dos animais consegue passar por ela.

Em contraste, espécimes de outras áreas, também captados pela câmera, de repente param seu caminho e se mostram confusos diante de obstáculos intransponíveis.

José Manuel Pérez, da organização ambientalista Cuenca de los Ojos, destaca que uma das espécies mais afetadas por essas barreiras é a onça-pintada. Ele lembra ainda das dificuldades de algumas famílias de javalis, que dependem da água nos Estados Unidos.

Com esses exemplos, os ambientalistas buscam demonstrar a necessidade de manter a fronteira livre de muros, cujo impacto, mais do que reduzir a migração em condição clandestina, dá-se na vida selvagem.

“Esta parte da fronteira é um dos pontos mais importantes da América do Norte (…) você tem todos os tipos de animal e pássaro atravessando”, descreve Valer Clark, uma nova-iorquina que vive no Arizona há 40 anos e que faz parte da Cuenca de los Ojos.

A estreita vigilância na linha divisória atrapalha até mesmo a travessia de aves migratórias. À noite, elas se perdem quando são ofuscadas por luzes fortes, explicam ambientalistas.

Pérez também lamenta que, pelo menos na fronteira, as autoridades mexicanas parecem ausentes.

“Nos preocupa o silêncio por parte do governo mexicano, que não faz nada para tentar mitigar os efeitos do ecocídio que está acontecendo com a construção deste muro”, denuncia Pérez.

Os Estados Unidos começaram a erguer barreiras em 1994, na tentativa de impedir a migração em situação ilegal através dos quase 3.200 km de fronteira com o México.

(com AFP)

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Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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