A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou nesta segunda-feira (5), quatro representantes da empresa mineira Tecnoclean pela morte de 14 cães no Estado. A empresa - que também é alvo de investigações em outras regiões do país - é responsável pela substância química imprópria para consumo animal e humano que foi fornecida a Bassar Pet Foods, fabricante do snack canino. São mais de 80 casos de mortes de animais intoxicados por petiscos e mais de 100 hospitalizações em todo o país, de acordo com tutores e com a polícia.
A substância responsável pelas intoxicações é o monoetilenoglicol, fornecida com rótulo adulterado pela Tecnoclean ao fabricante dos alimentos, a Bassar, como se fosse propilenoglicol, tradicionalmente usado na indústria alimentícia.
Após três meses e meio de investigações, a Polícia Civil mineira concluiu que a Tecnoclean praticou crime hediondo de falsificação contra a saúde pública, com dolo, conforme o artigo 273, do Código Penal, que prevê pena de 10 a 15 anos de reclusão.
“Foi evidenciada a incorreta identificação dos laudos pela falha no sistema de rastreabilidade pela empresa Tecnoclean, que compra o monoetileno da A&D e troca o rótulo para revendê-lo para a Bassar. Houve a identificação da incorreta rotulagem desses barris, que foram acondicionados no mesmo local, o monoetilenoglicol ao lado do propilenoglicol, tendo a Tecnoclean assumido o risco de produzir o resultado morte por contaminação dos cães, que ocorreu no território nacional”, disse a delegada Danúbia Quadros, responsável pelas investigações em Minas Gerais.
Danúbia Quadros afirmou que, independentemente da situação, trata-se de um dolo.
“Uma conversa telefônica entre funcionários da empresa Tecnoclean e A&D Química e Comércio Eirelle (revendedora das substâncias) revela que era sabido que a revenda do monoetilenoglicol não é permitida para empresas de ramo alimentício, apenas para empresas do ramo industrial”, completou.
Por causa da adulteração nos rótulos, o monoetilenoglicol acabou sendo utilizado na fabricação dos petiscos pela Bassan em vez do propilenoglicol, tradicionalmente usado na indústria alimentícia Dessa forma, o fabricante não foi implicado no inquérito, que investigou ainda as empresas Crystal Limpe, A&D Química e Comércio Eirelle e Pets.
Apenas a Tecnoclean foi apontada como responsável pela intoxicação. A empresa foi procurada pela reportagem, mas ainda não retornou ao pedido de posicionamento.
Em setembro, a empresa havia dito que adquiriu a substância propilenoglicol de uma importadora e a revendeu.
Com Estadão Conteúdo
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