Agências das Nações Unidas acompanham o impacto de temperaturas recordes em várias regiões do Hemisfério Norte e alertam que a situação está ainda no princípio. Especialistas recomendam que as pessoas se mantenham hidratadas, tentem se refrescar o máximo possível e sigam os alertas lançados nos países com níveis de calor extremo perto de 40º C.
O climatologista Álvaro Silva, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), conta como a comunidade científica acompanha duas tendências que podem agravar a onda de calor.
“Uma, que está relacionada com este evento específico, e que nos explica por que esta onda de calor está a acontecer. E a outra, mais de duração longa, que tem a ver com as causas potenciais que podem facilitar a frequência crescente e a maior intensidade de ondas de calor. Relativamente ao primeiro, temos várias regiões no mundo, onde atualmente temos ondas de calor: sudoeste dos Estados Unidos, no sul da Europa e norte da África e até na bacia do Mediterrâneo. E depois temos novamente na Ásia Central temperaturas muito acima do normal. Diria que são estas as três regiões onde temos assistido a temperaturas muito mais altas que o habitual.”
O cientista do clima ressaltou a urgência de ação regional e global para enfrentar de forma eficaz a ameaça da crise climática.
Na Europa, mais de 61 mil mortes foram registradas devido ao ondas de calor, no ano passado.
“Isso acontece porque temos sobre as três regiões altas pressões. Com fortes anomalias de pressão nos diferentes níveis da troposfera. O que significa que depois vai levar a subsidência do ar e várias regiões. Com essa subsidência, há um aquecimento desse ar que depois chega à superfície e depois faz com que este valor temperaturas muito elevadas. Um outro fator está relacionado com o transporte de ar quente de latitude subtropicais até latitudes mais altas, latitudes médias, como por exemplo do sul da Europa. E esses dois fatores constituem os que mais contribuem para essa onda de calor. Depois temos o que eu falava como a situação do contexto de longo termo que está relacionada com as alterações do clima provocadas pelo homem.”
Há registros de mortes e incêndios florestais em áreas europeias com as temperaturas extremas.
Temendo pela saúde pública, autoridades de vários países já acionaram alertas reforçando serviços especializados do setor e da polícia para melhorar o apoio a pessoas com dificuldades.
“Muitas vezes, as ondas de calor levam a que as pessoas que já têm algumas debilidades sofram ainda mais ainda do que a restante população: em termos de doenças cardiovasculares, doenças, respiratórias e outras. Mesmo a população mais saudável pode sofrer, talvez não tanto do ponto de vista de mortalidade, mas dos efeitos adversos. Mas sobretudo aos que estejam expostos ao calor nas horas de maior calor durante o dia isso pode se verificar. De maneira que há que evitar essa exposição prolongada durante o dia. E durante à noite também tentar, de alguma forma, limitar os efeitos da temperatura mais elevada, o que se possa verificar nas casas, bebendo muita água e tentando refrescar-se o mais possível.”
Além da OMM, a Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa falou de necessidade de adaptação à “nova realidade” de ondas de calor com mortes e que sejam considerados outros episódios de clima extremo.
Uma investigação sobre o calor intenso e o nível de circulação do ar na atmosfera está sendo levada a cabo pela OMM.
A agência espera concluir nos próximos dois meses um estudo revelando a possível associação das atuais ondas de calor e com efeitos das alterações do clima sobre o planeta.
(Com ONU News)
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