Os seres humanos estão provocando a perda de ramos inteiros da "árvore da vida", de acordo com um novo estudo científico publicado na segunda-feira (18) que alerta para a ameaça de uma sexta extinção em massa.
“A crise da extinção é tão grave quanto a das mudanças climáticas”, enfatizou Gerardo Ceballos, professor da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e coautor da pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês).
“O que está em jogo é o futuro da humanidade”, afirmou à AFP.
O estudo é excepcional, pois analisa não só a perda de uma espécie, mas a extinção de gêneros inteiros.
Na classificação dos seres vivos, o gênero se situa entre a faixa de espécies e família. Por exemplo, os cães são uma espécie pertencente ao gênero canis, que por sua vez, pertence à família dos canídeos.
“É uma contribuição realmente significativa, acho que é a primeira vez que alguém tenta avaliar as taxas de extinção modernas em um nível superior ao das espécies”, afirmou Robert Cowie, biólogo da Universidade do Havaí, que não participou do estudo.
Logo, “demonstra realmente a perda de ramos inteiros da ‘árvore da vida'”, uma famosa representação dos seres vivos desenvolvida inicialmente por Charles Darwin.
Para Anthony Barnosky, professor emérito da Universidade da Califórnia, Berkeley, a análise mostra que “não só estamos apenas aparando galhos terminais, mas usando uma motosserra para nos livrarmos de grandes braços”.
Os pesquisadores se basearam, principalmente, em espécies consideradas extintas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Eles se concentraram nos vertebrados (excluindo os peixes), para os quais há mais dados disponíveis.
Dos quase 5.400 gêneros (compreendendo 34.600 espécies), concluíram que 73 foram extintos nos últimos 500 anos, a maioria nos últimos 200 anos. Os cientistas então compararam este número com a taxa de extinção estimada a partir dos registros fósseis existentes.
“Baseados na taxa de extinção em milhões de anos anteriores, esperávamos perder dois gêneros. Mas perdemos 73”, explicou Ceballos.
O estudo calcula que estas perdas deveriam ter ocorrido ao longo de 18.000 anos, e não 500, embora estas estimativas permaneçam incertas, uma vez que nem todas as espécies são conhecidas e o registro fóssil está incompleto.
A perda destes gêneros está associada às atividades humanas como a destruição de habitats para agricultura ou construção de infraestruturas, assim como a pesca predatória, a caça, entre outras.
Além disso, ela coloca todo o ecossistema em risco, alerta Ceballos.
“Nossa preocupação é que… estamos perdendo coisas tão rápido que, para nós, isso é um sinal do colapso da civilização”, disse.
Todos os especialistas concordaram que o atual ritmo de extinção é alarmante, mas continuam debatendo se esta situação representa o início de uma sexta extinção em massa – a última corresponde à gerada pelo asteroide que exterminou os dinossauros há 66 milhões de anos -.
Em termos gerais, os cientistas definem uma extinção em massa como a perda de 75% das espécies em um curto período de tempo. Usando essa definição “arbitrária”, disse Cowie, uma nova ainda não foi produzida.
Entretanto, se supormos que “as espécies continuarão a ser extintas no ritmo atual, então isso acontecerá”, alertou, exaltando que “este é o início de uma potencial sexta extinção em massa”.
Mas para ele, ainda há tempo de salvar “muitos gêneros”. Para isso é necessário parar a destruição dos habitats naturais e restaurar aqueles que foram perdidos.
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