Confira alguns dos destaques desta terça-feira (8) no 3º dia da Cúpula do Clima (COP27) no Egito. Tivemos discursos fortes de líderes africanos e a divulgação de novos dados sobre a crise climática.
O segundo dia em que líderes subiram ao palanque da COP27 começou com discursos fortes de Gaston Browne, primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, e Macky Sall, presidente do Senegal.
“Estamos financiando nossos próprios esforços de adaptação quando somos vítimas, o que significa que estamos sendo duplamente punidos, e não estamos prontos para aturar isso”, disse Macky Sall.
Em sua fala, Browne, que fala em nome da Aliança dos Pequenos Estados Insulares, destacou o tema do financiamento climático, alertando para o fato de que os US$ 100 bilhões prometidos até 2020 ainda não são uma realidade. “Lutaremos incansavelmente pela justiça climática, inclusive nos tribunais internacionais”, afirmou ele.
Vale lembrar que o financiamento climático (ou financiamento do clima) refere-se ao dinheiro que será destinado a ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda disse ainda que as pequenas nações insulares querem que as grandes petrolíferas paguem pelos danos crescentes da elevação do nível do mar e das mudanças climáticas, causadas pelo aumento do estoque de carbono na atmosfera.
“A indústria de petróleo e gás continua a ganhar quase US$ 3 bilhões diariamente em lucros. Já é hora dessas empresas pagarem um imposto global de carbono sobre seus lucros como fonte de financiamento para perdas e danos. Produtores perdulários de combustíveis fósseis se beneficiaram de lucros extorsivos às custas da civilização humana. Enquanto eles estão lucrando, o planeta está queimando”, afirmou.
Outro que falou nesta terça-feira (8) foi António Costa, primeiro-ministro de Portugal. Ele salientou que o país conseguiu mitigar muitos dos efeitos da crise energética, provocada pela guerra na Ucrânia, devido aos fortes investimentos em energias renováveis.
“Portugal, que começou a investir em energias renováveis há 15 anos, é um exemplo de como investir na transição garante que estamos mais seguros de uma emergência de combustível”, disse.
Em seu discurso, Costa falou sobre o Brasil ao destacar o compromisso do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de zerar o desmatamento na Amazônia.
O primeiro-ministro do país insular de Tuvalu foi o primeiro a fazer um apelo na COP27 por um tratado de não proliferação de combustíveis fósseis.
“O aquecimento dos mares está começando a engolir nossas terras – centímetro por centímetro. Mas o vício do mundo em petróleo, gás e carvão não pode afundar nossos sonhos sob as ondas”, disse Natano, em uma ligação para a cúpula da ONU.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, frisou a falta de ação dos países nos últimos anos, apesar dos avanços na ciência climática.
“Ainda nos lembramos [da cúpula climática de 2009] de Copenhague, ainda nos lembramos da brutalidade policial da repressão nas ruas contra os movimentos sociais e o que aconteceu desde então. Perdemos muito tempo desde então. A cada hora, a cada mês, a cada ano, hesitamos”, afirmou.
Nesta terça (8), também foi divulgado um relatório – encomendado pelos governos do Reino Unido e do Egito – que aponta que serão necessários cerca de US$ 2 trilhões a cada ano até 2030 para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e lidar com os efeitos da crise climática. (The Guardian*) O dinheiro será necessário para que esses países possam abandonar os combustíveis fósseis, investir em energia renovável e outras tecnologias de baixo carbono e lidar com os impactos do clima extremo.
Outro discurso que merece destaque foi o do primeiro-ministro do Paquistão, Shebaz Sharif. Ele fez um apelo emocionado, pedindo às nações mais ricas que ajudem os países que estão sofrendo com os efeitos da crise climática. Sharif disse que é “agora ou nunca” agir e que “para nós, não existe ‘planeta B’”.
Vale lembrar as inundações devastadoras que atingiram o Paquistão este ano, que afetaram 33 milhões de pessoas e causaram danos estimados em US$ 40 bilhões.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também falou na cúpula do clima. Em uma transmissão online, Zelensky ressaltou que a invasão da Rússia em seu país causou caos no abastecimento global de energia, nos preços dos alimentos e nas florestas da Ucrânia e afirmou que “não pode haver política climática eficaz sem paz”.
Os líderes dos países industrializados fizeram discursos calorosos e anunciaram alguns pacotes de ajuda e financiamento, mas há pouca probabilidade de que, com os orçamentos sob pressão do rápido aumento do custo de vida, um incremento maciço na ajuda climática esteja chegando em breve.
Aqui merece destaque o anúncio feito pela Nova Zelândia. O país destinou US$ 20 milhões a um fundo climático para terras e recursos perdidos pelos países em desenvolvimento devido aos efeitos da crise climática.
Neste ano, os debates serão divididos por tema da seguinte forma: depois dos discursos iniciais e dos encontros de líderes mundiais nos primeiros dias, na quarta-feira (9) a bola da vez será o financiamento climático. Na quinta (10), serão debatidos temas ligados a Ciência, a partir de documentos como os relatórios do IPCC, e a juventude e gerações futuras. Na sexta (11), o tópico do dia é descarbonização. O sábado (12) será dedicado ao debate sobre adaptação climática e agricultura. A semana seguinte começa com discussões sobre gênero e sobre água, no dia 14. Terça (15) é dia de falar sobre sociedade civil e energia. No dia 16, o assunto é biodiversidade, e na quinta (17), soluções para o clima.
A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas – COP27 – começou no último domingo (6), no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A COP é o grande evento anual da ONU cujo objetivo é discutir ações que visam o enfrentamento das mudanças climáticas.
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