Estamos no 4º dia da COP27. Ao longo da Conferência, vários países desenvolvidos se comprometeram a liberar recursos para cobrir as "perdas e danos" causados pelas mudanças climáticas nos países mais vulneráveis, um dos focos do evento realizado no Egito. Fique de olho em quais são eles.
Perdas e danos são as consequências das mudanças climáticas quando não se consegue resistir ou se adaptar aos impactos que a mudança no clima causa nas atividades humanas e sistemas naturais. Perdas e danos são sofridos com mais intensidade pelas comunidades que já são mais vulnerabilizadas por questões sociais, geográficas e econômicas, tornando sua abordagem uma questão de justiça climática.
Os países em desenvolvimento exigem há tempos que se estabeleça um mecanismo específico para receber fundos dos países mais ricos e assim poder prevenir e lidar com desastres como secas ou inundações.
Os países mais industrializados estão relutantes e, embora a criação desse fundo específico apareça na agenda da COP27 em Sharm el-Sheikh, não há garantias de acordo e as negociações prometem ser árduas.
No entanto, desde o início da COP27, no último domingo (6), alguns países anunciaram financiamentos que vão nesse sentido, a exemplo da Dinamarca, que há semanas anunciou a liberação de 13 milhões de euros.
Assim, a Alemanha anunciou uma contribuição de 170 milhões de euros no âmbito da sua iniciativa “Global Shield” (Escudo Global), destinada a cobrir os riscos climáticos nos países mais vulneráveis.
A Irlanda, por sua vez, prometeu 10 milhões de euros como parte do “Global Shield” em 2023. A Áustria prometeu 50 milhões de euros para cobrir danos e perdas nos próximos quatro anos, a Escócia um total de 7 milhões e a Bélgica 2,5 milhões.
“Irlanda, Dinamarca e Bélgica começaram a trilhar o caminho”, declarou o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, que preside a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), na terça-feira (8).
“Seria justo que os principais poluidores, particularmente aqueles envolvidos no uso histórico de combustíveis fósseis, seguissem o exemplo”, acrescentou.
Ambientalistas também saudaram esses anúncios, embora com reticências.
“É um gesto positivo (…) Isso mostra que, depois de anos de campanha, a questão está sendo finalmente reconhecida”, comentou à AFP Harjeet Singh, da ONG Climate Action Network.
No entanto, sublinhou que a ajuda deste ou daquele país não deve “desviar a atenção” no que diz respeito à criação de um mecanismo amplo que permita a liberação de fundos logo que um país seja afetado por uma catástrofe climática.
Esses anúncios “são fracos em relação ao que precisaríamos”, ou seja, um mecanismo que equivalha a “um compromisso geral dos países ricos”, disse à AFP Rachel Cleetus, do think tank Union for Concerned Scientists.
(com AFP)
A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas – COP27 – começou no último domingo (6), no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A COP é o grande evento anual da ONU cujo objetivo é discutir ações que visam o enfrentamento das mudanças climáticas.
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