COP27: relatórios apontam quanto dinheiro será necessário para combater as mudanças climáticas e o problema do greenwashing nas empresas

Os documentos divulgados nesta terça (8), durante o 3º dia da COP27, apontam que os países em desenvolvimento precisam de mais de US$ 2 trilhões por ano para enfrentar as mudanças climáticas e que a neutralidade do carbono é totalmente incompatível com o investimento sustentado em combustíveis fósseis.

Publicado por
Isabella Caminoto

Países em desenvolvimento e emergentes precisam de mais de US$ 2 trilhões por ano para enfrentar mudança climática

Os países em desenvolvimento e emergentes – exceto a China – precisarão de mais de 2 trilhões de dólares por ano para financiar o combate à mudança climática, afirma um relatório solicitado pela presidência da COP27 e divulgado nesta terça-feira (8). Quase metade do valor deve ser liberado por investidores externos. (The Guardian*)

Os investimentos nos mercados emergentes e países em desenvolvimento – excluindo a China – devem servir para “reduzir as emissões, reforçar a resiliência, enfrentar as perdas e danos provocadas pela mudança climática e restaurar a terra e a natureza”, afirma o relatório de especialistas encomendado pela presidência egípcia da COP27 e a presidência britânica da COP precedente.

O valor total necessário para os objetivos deve alcançar 2,4 trilhões de dólares por ano até 2030, afirma o documento publicado no terceiro dia da 27ª conferência internacional sobre o clima.

Do total, aproximadamente US$ 1 trilhão deve proceder de investidores internacionais, de países desenvolvidos ou instituições multilaterais. O restante sairia das próprias economias desses países, de fontes privadas ou públicas.

Empresas não podem reivindicar neutralidade do carbono se investem em combustíveis fósseis, afirma ONU

As empresas que reivindicam um compromisso com a neutralidade de carbono não podem continuar investindo em combustíveis fósseis, causar desmatamento ou “compensar” as emissões em vez de reduzi-las, disse um duro relatório de especialistas da ONU nesta terça-feira (8).

“A neutralidade do carbono é totalmente incompatível com o investimento sustentado em combustíveis fósseis”, explicou o relatório, encomendado pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pediu o fim do “engano tóxico” que essas práticas acarretam.

Os especialistas querem, assim, colocar um limite ao chamado “greenwashing” usado por empresas, cidades e países.

Vale lembrar que “greenwashing” consiste em uma prática de promover discursos, anúncios, propagandas e campanhas publicitárias com características ecologicamente/ambientalmente responsáveis, sustentáveis, verde, “eco-friendly”, etc. Todavia, na prática, tais atitudes não ocorrem. Por esse motivo, o “greenwashing” tem a intenção de criar uma falsa aparência de sustentabilidade, induzindo o consumidor ao erro, uma vez que, ao comprar o produto ou serviço, ele acredita que está contribuindo para a causa ambiental.

De acordo com as promessas de descarbonização dos últimos meses, 90% da economia global está coberta por algum tipo de promessa de neutralidade de carbono, segundo o site especializado Net Zero Tracker.

“É muito fácil anunciar que você será neutro em carbono até 2050. Mas é preciso entregar, e o que vimos não é ação suficiente”, disse Catherine McKenna, ex-ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá e chefe do painel de especialistas.

“Temos que fazer duas coisas para chegar a zero carbono: reduzir drasticamente as emissões” de gases de efeito estufa “e investir em energia limpa”, disse à AFP.

No momento, afirmou, é “extremamente difícil” avaliar adequadamente se as empresas estão cortando emissões e pediu maior transparência.

(com AFP)

A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas – COP27 – começou no último domingo (6), no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A COP é o grande evento anual da ONU cujo objetivo é discutir ações que visam o enfrentamento das mudanças climáticas. 

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Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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