Criado em 9 de agosto de 1995 pela ONU, o Dia Internacional dos Povos Indígenas reforça a importância da luta por direitos e condições dignas para os povos originários. A situação das terras indígenas no Brasil , os crimes contra ambientalistas e o assassinato de indígenas ofuscam qualquer comemoração.
As mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, este ano, foram lembradas por entidades e organizações que defendem os povos originários do Brasil, nesta terça-feira (9), data que marca o Dia Internacional dos Povos Indígenas.
A escalada da violência contra os os indígenas ofusca qualquer comemoração nesta data. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) declarou que, apesar de conquistas importantes nos últimos anos, “ainda são muitos desafios e obstáculos para que os direitos dos povos originários do Brasil sejam garantidos e efetivados. Por isso, comemorar ainda não é possível”. A entidade e outras instituições que defendem os indígenas convocaram manifestação virtual para protestar nessa data.
A situação das terras indígenas brasileiras voltou à agenda da Organização das Nações Unidas (ONU). Na segunda-feira (8), a relatora da ONU que monitora a situação dos defensores de direitos humanos, Mary Lawlor, esteve em reunião virtual com lideranças dos povos guaraní-kaiowá (UOL) e com vítimas de ataques sofridos na região do Mato Grosso do Sul.
O tema escolhido pela ONU para marcar a data deste ano é “o papel das mulheres indígenas na conservação e transmissão dos conhecimentos tradicionais”.
Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembra que elas são as guardiãs de sistemas tradicionais de alimentação e remédios naturais.
O Dia Internacional dos Povos Indígenas também nos faz refletir sobre nossa necessidade de aprender com a cultura e sabedoria ancestrais como viver em harmonia com a natureza de forma consciente e sustentável, sem destruir ou exigir mais do que ela pode oferecer, destacou a organização.
Segundo a WWF-Brasil, nos últimos 30 anos, a perda de vegetação nativa no Brasil foi de 69 milhões de hectares, mas somente 1,6% desse desmatamento aconteceu em áreas onde vivem os indígenas. Ou seja, se não fossem os povos tradicionais, a situação do desmatamento no país poderia ser ainda pior.
“Mesmo vivendo sem o apoio do atual governo, com poucas políticas públicas aprovadas e respeitadas e sob constantes ameaças, não deixam de defender a vida: dos parentes e do planeta. Os povos indígenas são parte do nosso passado, estão protegendo nosso presente e são fundamentais na construção do futuro. Por isso, temos que lutar junto com eles por um amanhã mais justo, harmonioso e saudável para todos”, enfatizou a ONG.
(Foto no Topo: Foto: Marcello Casal Jr Agência Brasil)
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