Os alertas que as mudanças climáticas causarão grandes danos à biodiversidade do planeta já começaram, mas um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) aponta que uma planta importantíssima da Caatinga será extinta por causa dos efeitos das mudanças climáticas globais.
A espécie que corre risco é a Holoregmia viscida. Ela é popularmente mas conhecida como erva-de-são-cipriano ou culhão-de-bode .
A pesquisa fez um rastreamento da planta, que é restrita ao bioma Caatinga, nos últimos milhares de anos, e projetou alguns cenários climáticos para os próximos 80 anos.
Os pesquisadores usaram um método conhecido como modelagem preditiva de distribuição de espécies, que utiliza vários algoritmos e variações ambientais para prever como estará a espécie em um certo período de tempo.
Para a modelagem foram considerados vários períodos passados, inclusive o Holoceno e o Pleistoceno, e presentes também.
Ou seja, o passado e o presente se juntaram pra “enxergar” os futuros cenários das diversas mudanças climáticas.
O estudo concluiu que, apesar de o gênero Holoregmia ser somente da Caatinga, a extinção da espécie pode ocorrer em menos de um século diante de um agravamento da situação climática global.
Ainda segundo a pesquisa, as chances de extinção da espécie surge a depender do cenário futuro avaliado, tendo como fator determinante o nível de emissão de gases que contribuem para o aquecimento global.
No pior dos cenários avaliados, em que o uso de combustíveis fósseis e a emissão desses gases segue aumentando, estima-se uma redução drástica da espécie até 2060 e extinção em até 20 anos depois.
Conhecida como erva-de-são-cipriano ou culhão-de-bode, sabe-se pouco sobre os aspectos científicos da Holoregmia viscid. Possui ocorrência conhecida apenas no Sul da Bahia e recebeu seu nome científico em 1821. Depois disso, a planta passou mais de 150 anos sem ser documentada cientificamente, mas em 1980, botânicos da Bahia coletaram novas amostras da espécie a e guardaram em um herbário, que é uma coleção científica para armazenar e documentar amostras de espécies vegetais.
Somente em 2005 as amostras que estavam documentadas desde 1983 foram reconhecidas como pertencentes a essa espécie e ela foi melhor documentada do ponto de vista morfológico. Desde então, o conhecimento científico sobre a espécie avançou pouco.
A pesquisa também serve para buscar compreender como as mudanças climáticas afetam a Caatinga como um todo.
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