O governo federal prepara uma resposta emergencial ao estado do Amazonas para fazer frente a uma 'estiagem extrema', disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta quinta-feira (28).
As autoridades federais trabalham de forma conjunta com o governo estadual em ações de emergência, diante do “risco em relação ao abastecimento tanto de alimentos como de água potável, quanto em relação a produtos de higiene e remédios”, afirmou Marina Silva a jornalistas em Brasília.
Segundo a ministra, 56 municípios de um total de 62 “podem entrar em estado de emergência”.
Até ontem, o estado de emergência por conta da estiagem já havia sido decretado em 15 municípios, com 111.000 pessoas impactadas, segundo um comunicado emitido pela Defesa Civil estadual.
“A previsão é de que talvez sejam necessárias em torno de 300.000 cestas básicas” para auxiliar a população com bens de primeira necessidade, detalhou Marina Silva.
Além de prover os recursos para essa ajuda humanitária, o governo federal espera que o Ministério da Defesa se junte aos esforços para oferecer suporte logístico, acrescentou a ministra.
A seca no Amazonas provocou mortandade de peixes devido ao baixo nível dos rios, particularmente o Juruá e Solimões, cujas águas são usadas para o abastecimento das comunidades.
“A maioria da população daqui depende da água [do rio] para beber e atrapalha muito a vida dos comunitários devido a essa poluição que está tendo na água”, disse à AFP Ingrid Ferreira, uma pescadora de 30 anos, na reserva do Lago do Piranha, no Amazonas.
Além disso, o nível baixo dos rios afetou o transporte fluvial, que é essencial nessa região.
“Quem perde é a população, né? Devido à mortandade de peixes, a gente não consegue fazer o aproveitamento desse pescado”, disse o também pescador João Barbosa, de 37 anos.
A Defesa Civil do Amazonas advertiu na nota que a situação pode piorar nos próximos meses, com chuvas abaixo do normal, o que pode afetar cerca de 500.000 pessoas até o fim deste ano.
A seca atinge o estado após as intensas chuvas da primeira parte do ano, reflexo de fenômenos atribuídos por especialistas às mudanças climáticas.
A região sofre atualmente com o fenômeno ‘El Niño’, que reduz a formação de nuvens e, consequentemente, das chuvas, cujo impacto se torna cada vez mais intenso.
“O Brasil é definitivamente um país vulnerável” aos eventos climáticos extremos, lamentou Marina Silva, ao mencionar a situação no Rio Grande do Sul, onde o número de mortos por decorrência das chuvas em setembro já está na casa dos 50.
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