O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, alerta que a “esmagadora maioria” dos desastres está relacionada à água.
Nesta quinta-feira (12), a agência da ONU divulgou um relatório que aponta o avanço do desequilíbrio do ciclo hidrológico, causado pelas mudanças climáticas e pelas atividades humanas.
O estudo destaca que secas e eventos extremos de precipitação estão causando um grande impacto nas vidas e economias. Na avaliação do chefe da OMM, a gestão e o monitoramento devem ser questões centrais das iniciativas de alertas precoces.
Petteri Taalas adiciona que os glaciares estão “derretendo diante dos nossos olhos”. A situação aumenta os riscos de inundações e ameaça a segurança hídrica de longo prazo de milhões de pessoas.
Ele alerta que cerca de metade do mundo tem experimentado um aumento nos eventos de inundação e um terço do planeta tem sofrido com a seca.
O secretário-geral da OMM explica que a cada grau de aquecimento do clima, a umidade da atmosfera aumenta em 7%.
Essa elevação de temperatura faz com que a atmosfera retenha mais umidade, causando chuvas mais intensas e inundações. No extremo oposto, o calor causa evaporação e secas mais intensas.
Para o secretário-geral da OMM, o estudo também é um apelo por compartilhamento de dados, que permitam alertas precoces e políticas coordenadas e integradas de gestão da água como parte integrante da ação climática.
Segundo a agência da ONU, existem poucas informações sobre o verdadeiro estado dos recursos de água doce do mundo, o que dificulta o gerenciamento. A recomendação é que aumente o monitoramento e os recursos para o setor.
O estudo divulgado combina contribuições de dezenas de especialistas e complementa o relatório de Estado do Clima Global da OMM, a fim de fornecer informações integradas para os formuladores de políticas.
Atualmente, 3,6 bilhões de pessoas enfrentam acesso inadequado à água por pelo menos um mês por ano. A previsão é esperado de um aumento para mais de 5 bilhões até 2050, de acordo com a ONU Água.
O relatório destaca os efeitos do rompimento do ciclo da água. No Brasil, o excesso de chuvas causou deslizamentos e resultaram na morte de 230 pessoas.
No verão de 2022, secas severas afetaram muitas partes da Europa, causando desafios no transporte em rios como o Danúbio e o Reno e interrompendo a produção de eletricidade nuclear na França devido à falta de água para resfriamento.
A cobertura de neve nos Alpes, crucial para alimentar grandes rios como o Reno, Danúbio, Ródano e Pó, permaneceu muito abaixo da média. Os Alpes europeus testemunharam níveis sem precedentes de perda de massa de geleira.
Segundo Taalas, o estudo aponta que as geleiras de montanha suíças, especialmente as alpinas, perderam cerca de 10% por cento de sua massa no ano passado e neste ano, estabelecendo um novo recorde.
Além disso, mais de 50% das áreas de captação global experimentaram desvios das condições normais de descarga dos rios. A maioria dessas áreas estava mais seca do que o normal, enquanto uma porcentagem menor apresentou condições acima ou muito acima do normal.
Outro alerta feito pelo chefe da agência da ONU, é a falta de água para atividades agrícolas, industriais e para a produção de energia hidrelétrica.
Segundo a OMM, mais de 70% da água usada pelos seres humanos é destinada à agricultura e à produção de alimentos, sendo, portanto, absolutamente essencial para a segurança alimentar e nutricional.
Em alguns países, a proporção representa mais de 90% de todas as retiradas de água dos sistemas. A água potável globalmente representa aproximadamente 10% a 12% da água usada para consumo direto ou uso doméstico.
A OMM recomenda melhorias no gerenciamento do recurso, como o uso de tecnologias de irrigação mais eficientes e a escolha consciente das culturas plantadas e do ambiente.
(Com ONU News)
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