Sete anos de pesquisas sobre as mudanças climáticas em todo o mundo serão minuciosamente analisados a partir desta segunda-feira (13), na Suíça, para elaborar uma diretriz de ações para os governos. A reunião do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) acontece em Interlaken até 17 de março, com a participação de cientistas e diplomatas de quase 200 países. 🌎
O resultado destas discussões, que já se mostraram difíceis em outras ocasiões, deve ser apresentado em um documento que resumirá os principais perigos e as medidas necessárias para combatê-los.
Este estudo, que deve ser publicado em 20 de março, conterá as últimas descobertas sobre mudança climática, o impacto dos grandes acontecimentos meteorológicos, como secas e enchentes, e as propostas científicas para conter a emissão de gases de efeito estufa.
Chegou o momento de “acelerar a saída dos combustíveis fósseis”, pediu o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Desde sua criação em 1988, o IPCC, um órgão intergovernamental formado por centenas de cientistas, elaborou seis relatórios, cada um deles dividido em três partes e com milhares de páginas que compilam observações científicas em todo o mundo.
O resumo do IPCC para as autoridades de políticas ambientais é importante, porque é a ferramenta com a qual os governos podem impor mudanças drásticas em setores-chave, como energia e construção.
Será também um documento essencial para a próxima conferência sobre a mudança climática (COP28) em Dubai, em dezembro.
“Os fatos demonstram que não estamos fazendo o suficiente para responder a esta crise. As emissões atuais continuam sendo as maiores da história da humanidade”, adverte Stephanie Roe, especialista da organização WWF e colaboradora do informe do IPCC. “Estamos longe do nosso objetivo, e a janela que permite limitar o aquecimento a +1,5°C está se fechando rapidamente”, explica.
Essa meta de um teto de até +1,5°C foi um dos pontos-chave do Acordo de Paris de 2015.
Desde o final do século XIX, a temperatura média do planeta subiu mais de 1,1°C, o que implica, segundo especialistas, mudanças no clima, cujo alcance ainda estamos descobrindo.
A síntese final deste sexto informe será composta por duas partes. A primeira será um condensado de cerca de 50 páginas das três partes principais do último informe, publicadas entre 2021 e 2022. Essas três partes apresentaram as provas físicas da mudança climática, seus impactos e as medidas de mitigação.
Em paralelo, o IPCC divulgou três relatórios especiais sobre as consequências, sobre os oceanos e criosfera e também sobre a terra firme.
“O relatório de síntese é importante, porque será o último trabalho do IPCC por alguns anos”, afirmou Oliver Geden, um dos autores principais e especialista do Instituto alemão de Assuntos de Segurança Internacional, em entrevista à AFP.
(com AFP)
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