O Paquistão obteve, nesta segunda-feira (9), "mais de 9 bilhões de dólares" em promessas de ajuda para a reconstrução do país, que sofreu com enchentes catastróficas no ano passado, uma situação que pode afetar outras nações ameaçadas pelas mudanças climáticas. Esses compromissos aconteceram durante uma conferência internacional, parcialmente organizada pela ONU, que buscou arrecadar metade dos US$ 16,3 bilhões necessários ao Paquistão para sua reconstrução e para enfrentar as consequências do aquecimento global.
“Hoje foi realmente um dia que nos dá muita esperança. A mensagem do mundo é clara: o mundo estará ao lado daqueles que sofreram desastres naturais”, declarou Hina Rabbani Khar, após anunciar o valor do auxílio ao final da reunião.
O Paquistão, que é o quinto país mais populoso do mundo com 216 milhões de habitantes, é responsável por menos de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas é um dos mais vulneráveis aos episódios meteorológicos extremos provocados pela mudança climática.
O país ainda não se recuperou das enchentes sem precedentes ocorridas em agosto do ano passado, que deixaram um terço de seu território submerso, mais de 1.700 mortos e 33 milhões de afetados.
No início da conferência, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “investimentos maciços” e uma reforma do sistema financeiro internacional para ajudar o Paquistão, uma questão que já havia mencionado na COP27 sobre o clima no Egito. “Nenhum país merece o que aconteceu com o Paquistão”, declarou Guterres, solicitando financiamento para apoiar “a resposta heróica do povo paquistanês”.
Em Genebra, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, afirmou nesta segunda-feira (9) que seu país se encontra em uma “corrida contra o relógio” para fazer frente aos trabalhos de reconstrução e prevenção. “Estamos em um ponto de inflexão na história”, ressaltou.
O dirigente pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que reduza a pressão. “Estou constantemente tentando convencê-los a nos conceder uma pausa”, disse. O Banco Mundial, por sua vez, pediu para “manter os gastos nos limites suportáveis”.
A ONU e o Paquistão persuadiram os Estados, organizações e empresas a aumentarem seus auxílios, sobretudo financeiro, para concretizar os planos de longo prazo de resistência climática e de reconstrução do país. “O Paquistão é vítima duas vezes: do caos climático e de um sistema financeiro mundial moralmente falido”, afirmou Guterres.
Guterres lamentou que o sistema financeiro internacional não ajude o suficiente os países de renda média, que precisam “investir na resistência às catástrofes naturais”, aliviando a dívida, ou oferecendo-lhes mais financiamento. Nesse sentido, fez um apelo por planos de financiamento “criativos” para ajudar esses Estados “quando mais precisam”.
Segundo o plano de governo, denominado Marco de Recuperação, Reabilitação e Reconstrução Resiliente, apresentado oficialmente nesta segunda, são necessários pelo menos US$ 16,3 bilhões. O governo paquistanês planeja cobrir metade desse montante com recursos próprios, incluindo alianças público-privadas, mas espera conseguir que a comunidade internacional aporte o restante.
(Com AFP)
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