Os pesticidas, derivados em 99% de combustíveis fósseis, agravam a crise climática, mas raramente a redução de seu uso é recomendada para combater o aquecimento global, segundo relatório publicado nesta quarta-feira (5) por uma ONG britânica.
Os pesticidas costumam ser questionados por provocar a redução drástica da biodiversidade, exacerbando, desta forma, a “urgência climática ao longo de todo o seu ciclo”, da fabricação à aplicação, passando pela embalagem e pelo transporte, adverte, em nota, a PAN UK (Pesticide Action Network Reino Unido).
No entanto, “a redução de pesticidas como solução para a crise do clima é amplamente ignorada” pelas estratégias governamentais, acrescenta o relatório, publicado pela Pesticide Collaboration, uma coalizão de entidades que lutam pela redução destas substâncias na agricultura britânica.
Pior ainda, pois “os pesticidas são, inclusive, apresentados pela indústria agroquímica como uma estratégia de atenuação [da crise] climática, perpetuando, desta forma, o mito de que a intensificação da produção de alimentos através do uso contínuo de produtos químicos nocivos é a única forma de garantir a segurança alimentar global, protegendo o hábitat” natural.
Segundo dados publicados nesta quarta-feira, o uso do glifosato, um herbicida muito questionado, está em alta no Reino Unido.
O objetivo britânico de alcançar a neutralidade de carbono em 2050 “não poderá ser alcançado sem transformar a agricultura, o que supõe uma forte redução do uso de pesticidas”, afirmam os autores do informe, que se baseiam, sobretudo, nas conclusões de um estudo publicado em fevereiro pela PAN América do Norte.
A dinâmica atual é a de um círculo vicioso, afirma Doug Parr, do Greenpeace Reino Unido, citado no comunicado.
“À medida que as temperaturas aumentam, cresce a quantidade de parasitas e diminui a resiliência dos cultivos, que requerem, então, quantidades sempre maiores de pesticidas”, acrescenta.
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