Representantes dos Estados-membros da ONU passaram a madrugada deste sábado (4) tentano superar diferenças e chegar a um acordo que garanta a preservação do alto-mar, um tesouro frágil e vital. Após 15 anos de discussões informais e formais, as delegações que compõem as Nações Unidas já ultrapassaram em várias horas as duas semanas da terceira rodada de negociações em menos de um ano, em Nova York, e até agora, nada de acordo.
As negociações têm sido uma montanha-russa nos últimos dias, e os delegados se reuniam a portas fechadas ainda neste sábado (4) para tentar um acordo.
Durantes as negociações, surgiram vários pontos de divergência, como a medida de criar zonas protegidas, que visa analisar o impacto das atividades em alto-mar no meio ambiente e a distribuição dos potenciais benefícios da exploração dos recursos genéticos marinhos.
Nesta reta final, os observadores esperam um impulso da conferência Our Ocean (“Nosso Oceano”), que acontece simultaneamente no Panamá, na presença de vários ministros que discutem a proteção e exploração sustentável dos oceanos.
“Ainda temos algumas questões a esclarecer, mas estamos progredindo e as delegações estão mostrando flexibilidade”, disse a presidente da conferência, Rena Lee, em uma breve sessão plenária por volta das 3h30 no horário de Brasília.
O capítulo altamente político sobre a repartição dos potenciais benefícios dos recursos genéticos marinhos estava ausente do último rascunho do texto.
“É claro que eles ainda estão tentando com todas as forças conseguir um acordo hoje, senão já teriam jogado a toalha”, disse Nathalie Rey, da High Seas Alliance, que reúne cerca de quarenta ONGs.
Ainda que sejam alcançados compromissos em todos os demais capítulos, um tratado não pode ser formalmente adotado nesta sessão, disse Rena Lee. Mesmo que não haja um acordo formal, seria “um grande avanço”, disse à AFP Veronica Frank, do Greenpeace.
Na ultima sexta, os Estados Unidos informou a liberação de uma lata quantia para proteção dos oceanos:
O alto-mar começa onde terminam as Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) dos países, até um máximo de 200 milhas náuticas (370 km) da costa, e, por isso, não está sob a jurisdição de nenhuma nação.
Apesar de representar mais de 60% dos oceanos e quase metade do planeta, o alto-mar foi ignorado durante muito tempo, já que a atenção se concentrou nas áreas costeiras e nas espécies-símbolo, como baleias e tartarugas.
E isso apesar de os ecossistemas oceânicos serem responsáveis por metade do oxigênio que respiramos, limitarem o aquecimento ao absorver parte do CO2 gerado por ações humanas e alimentarem uma parte da humanidade. Mas estão ameaçados pela mudança climática, poluição de todo tipo e a sobrepesca.
(Fonte: AFP)
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