Veja os destaques do Curto Verde desta sexta-feira (26): com 3,3 mil focos de incêndio, a Amazônia teve o pior dia de queimadas em 15 anos; estudo publicado pelo Greenpeace revela que as montadoras japonesas - Toyota, Honda e Nissan - são as mais expostas aos riscos associados a mudanças climáticas, e o impasse nas negociações em torno de um tratado para proteger a biodiversidade em alto-mar.
A atual temporada de queimadas na Amazônia registrou na segunda-feira (22) um recorde negativo: 3.358 focos de incêndio no intervalo de 24 horas.
É a pior marca em 15 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Considerando a base de dados do Inpe – antes do verificado nesta semana – a data mais recente a registrar um recorde de queimadas havia sido 30 de setembro de 2007, quando o satélite que monitora a região flagrou 3.936 focos em 24 horas. (G1)
O novo recorde atingido na segunda (23), representa quase o triplo daquilo que foi registrado no chamado “Dia do Fogo”.
No Dia do Fogo – data emblemática na história de destruição do bioma, em 10 de agosto de 2019 – fazendeiros no Pará se articularam criminosamente para provocar queimadas ilegais em diversos pontos da região. Ao todo, foram 1.173 focos registrados.
“Não há evidências de que os incêndios da segunda-feira (23) tenham sido coordenados”, disse Alberto Setzer, coordenador de monitoramento de queimadas do Inpe, à AFP. Mas, especialistas atribuem as queimadas na Amazônia a agricultores, pecuaristas e grileiros, que desmatam e queimam as árvores ilegalmente.
Nesta quinta-feira (25), uma fumaça preta cobriu o céu da cidade de Porto Velho, em Rondônia. O fenômeno já ocorreu em outras capitais e é apontado por estudiosos como efeito das queimadas.
De todas as montadoras do mundo, as japonesas Toyota, Honda e Nissan são as mais expostas aos riscos associados às mudanças climáticas. É o que diz um estudo da ONG Greenpeace publicado nesta sexta (26). Inundações e furacões/tufões, altas temperaturas, incêndios florestais e seca são fatores de ameaça.
A Toyota – número um do setor no mundo – é a principal afetada, pois mais de 90% das fábricas de produção estariam altamente expostas a pelo menos um risco físico resultante das mudanças climáticas.
Honda e Nissan ocupam a segunda e terceira posição, respectivamente, seguidas pela americana General Motors, pela sul-coreana Hyundai e pela americana Ford.
No ranking global dos dez primeiros, os fabricantes europeus (Daimler, Stellantis, Renault e Volkswagen) são os menos expostos aos riscos climáticos.
A superexposição de grupos japoneses não surpreende, já que eles têm muitas fábricas em locais onde os tufões, por exemplo, são frequentes.
Em agosto, Toyota e Honda também tiveram que suspender a produção em algumas províncias chinesas devido às fortes temperaturas que atingiram o país e que causaram cortes de energia.
Em seu relatório, o Greenpeace insiste no caso da Toyota, que deve ser mais transparente sobre os riscos climáticos aos quais as fábricas estão expostas e “tomar medidas mais contundentes para reduzir suas emissões de carbono”, segundo a ONG.
“A Toyota tem uma experiência sólida” na gestão de suas operações em caso de desastres ligados às mudanças climáticas, terremotos e incêndios, afirmou o grupo japonês em um e-mail enviado à AFP, nesta sexta-feira (26).
“Como é impossível prever quando, onde e que tipo de catástrofe ocorrerá em cada país e região”, a Toyota acredita que é “mais importante” criar um sistema global a nível do grupo para minimizar danos e cooperar o quanto antes com seus fornecedores, “mais do que revelar o nível de risco climático” enfrentado por suas montadoras em cada um dos países em que o grupo está estabelecido.
Duas semanas de negociações sobre um tratado para proteger a biodiversidade em alto-mar estão em processo de conclusão, mas ainda sob impasses políticos.
Após 15 anos – incluindo 4 sessões formais anteriores – os negociadores ainda não chegaram a um acordo juridicamente vinculativo sobre os crescentes desafios ambientais e econômicos do alto-mar, uma área que cobre quase metade do planeta.
Muitos esperavam que esta quinta sessão, que começou em 15 de agosto na sede da ONU, fosse a última e produzisse um texto final sobre “a conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha além da jurisdição nacional” (BBNJ).
A coalizão High Ambition🇬🇧, que reúne 50 países liderados pela União Europeia (UE), defendeu um amplo acordo antes do final do ano.
Mas, de acordo com o grupo ambientalista Greenpeace, as negociações estão à beira do colapso devido à “ganância” dos países da coalizão e outros, como Canadá e Estados Unidos.
Uma das questões mais delicadas é a distribuição dos possíveis benefícios obtidos com o desenvolvimento de recursos genéticos em águas internacionais, onde as empresas farmacêuticas, químicas e cosméticas esperam encontrar medicamentos, produtos ou curas.
Essa pesquisa marítima onerosa é em grande parte prerrogativa das nações ricas, mas os países em desenvolvimento não querem ficar de fora dos lucros potenciais dos recursos marinhos que não pertencem a ninguém.
Um projeto de texto, publicado há poucos dias, parecia estar do lado dos países em desenvolvimento, propondo uma exigência de redistribuição de 2% de todas as vendas futuras.
Mas desde então houve “um grande retrocesso”, disse Will McCallum, do Greenpeace, que acusa a UE de rejeitar a proposta.
“Não é dinheiro real. É apenas dinheiro hipotético. É por isso que é realmente frustrante”, comentou à AFP.
A UE rejeita a acusação. “Estamos prontos para contribuir para o acordo com várias fontes de financiamento, que em nossa opinião incluirão uma repartição justa dos benefícios dos recursos genéticos marinhos do mundo”, disse um negociador europeu à AFP.
(Com AFP)
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