Um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz durante a pandemia de covid-19 mostrou que o reiki pode reduzir sintomas emocionais como medo da morte, pânico e ansiedade, melhorando a saúde mental dos pacientes. A terapia alternativa faz parte da lista de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), adicionadas ao SUS como aliadas no tratamento de várias doenças.
“Eu comecei a fazer sessões de reike há 15 anos, quando não tinha o reconhecimento que tem hoje. Mas eu precisava me encontrar: tinha terminado a faculdade, não sabia que caminho tomar. Havia também questões familiares e eu precisava de ajuda emocional. O reiki me aliviou, trouxe clareza, limpou pensamentos negativos, porque trabalha muito bem essa parte psíquica”, conta Cristina Anido, administradora de empresa e praticante da terapia alternativa.
A história de Cristina é semelhante à de outros pacientes que buscam a técnica oriental milenar como forma de equilibrar corpo e mente, enfrentar momentos de estresse emocional e até auxiliar o próprio corpo a combater uma enfermidade. É importante enfatizar: o reike não substitui a medicina e os tratamentos tradicionais no combate a doenças, mas tem se mostrado um aliado para as questões emocionais que também interferem na evolução da saúde.
“O reike é uma técnica de cura e autocura através da imposição das mãos. Tal qual na acupuntura, o reike dissolve a obstrução dos canais corporais que recebem a energia cósmica, regularizando esse fluxo”, diz o mestre reiki usui tibetano Alberto Nubie Policastro. “A prática pode ser feita também à distância”, acrescenta.
“O depoimento de pacientes mostra que a técnica é efetiva, e existem inúmeros testemunhos que mostram como a técnica funciona para suporte psíquico”, complementa Alberto.
Mesmo reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma prática complementar à medicina tradicional com efeitos benéficos sobre a saúde, o reike ainda provoca controvérsia. A novidade é que um estudo feito pela Fiocruz apontou que a prática foi efetiva como suporte para pacientes psiquiátricos que estavam em isolamento durante a pandemia de covid-19.
Pacientes da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que buscavam tratamento para depressão, insônia e ansiedade, por exemplo, relataram alívio após as sessões de reike aplicadas à distância.
Entre março de 2020 a dezembro de 2021, pesquisadores aplicaram o reiki em mulheres que estavam sob cuidados psiquiátricos na pandemia da covid-19, com escuta terapêutica em teleatendimentos via celular – já que havia limitação do acesso presencial a consultas médicas e intervenções psicossociais.
As usuárias não receberam outras terapias no período. Foram 92 teleatendimentos, com média de 17 por usuária, semanal e por uma hora. Entre elas, estavam mulheres com transtorno depressivo e agudo ou em remissão.
O resultado foi animador: as pacientes relataram sentir paz, leveza, melhora do sono e das relações familiares após o tratamento. Antes, essas mesmas doentes apresentavam medo da morte, pânico, ansiedade, impotência, insônia, tristeza e dores no corpo.
As consultas psiquiátricas mostraram redução da ansiedade, de dores no corpo e tristeza, melhora da autoestima e do autocuidado com redução e interrupção de medicações psiquiátricas.
A metodologia do estudo seguiu diversas etapas, entre elas “acolhimento , aplicação de reiki via celular acompanhado de sons de alta vibração (como músicas para reiki) e relato de usuárias sobre efeitos do reiki conferidos nas consultas presenciais pelo psiquiatra”, explica a cientista Zelia Pimental, pesquisadora em Saúde Pública. Ela e o médico psiquiatra Mario Roberto Romano foram responsáveis por conduzir a pesquisa.
“Como análise crítica recomendamos que é necessária a oferta de reiki para um maior número de usuários atendidos pelos serviços de saúde mental e a longo prazo para que a efetividade dos resultados possa ser melhor estabelecida”, afirmam os pesquisadores.
Os resultados da pesquisa indicam a importância do acompanhamento do efeito do reiki na manutenção da saúde mental de pacientes, “já que houve diminuição gradual das medicações psiquiátricas em metade das pessoas atendidas”. Duas usuárias interromperam o uso, sob orientação médica.
A terapia alternativa faz parte da lista de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), adicionadas recentemente ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“Sabemos que a vida atual, conflitos, raiva, medo, ódio, emoções negativas promovidas pelo estresse da vida de hoje acabam interrompendo o fluxo necessário de energia que o corpo demanda para um bom funcionamento. Somos parte do universo e somos energia corpórea condensada, nós dependemos continuamente da energia do universo”, diz o mestre Alberto Nubie Policastro.
Segundo o especialista, assim como ocorre na acupuntura, o reike dissolve essa obstrução dos canais corporais que recebem a energia. “O terapeuta serve como canal para captar a energia cósmica universal e regularizar a energia do corpo humano”, diz.
Uns podem chamar de fé, outros usam a física para explicar como funciona o reike. Mas fato é que a prática se junta a outras alternativas (como acupuntura e meditação) incluídas como complementação à medicina tradicional e usadas até nos hospitais.
Foto de destaque: Unsplash
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