Que tal ganhar 3 dias de folga por semana? Teste no Reino Unido mostra que a jornada de 4 dias é produtiva e viável

Um movimento pela redução da jornada de trabalho de 5 para 4 dias úteis vem ganhando corpo com a campanha "4 Day Week". Um teste no Reino Unido apontou que o dia extra de folga pode aumentar a produtividade dos trabalhadores e algumas empresas declaram querer implantar de vez o projeto. Aqui no Brasil uma start up nacional vem seguindo os passos dos britânicos desde julho. Mas, será que a moda pega?

Publicado por
Marcela Guimarães

Depois do home work, instalado no auge da pandemia de covid-19, e do modelo híbrido, que alterou as relações de trabalho em todo mundo no pós-pandemia, a novidade na área – há quem chame de moda – é a jornada de 4 dias semanais de trabalho.

A ideia começou a ser difundida por uma organização não governamental, a 4 Day Week Global, que iniciou um projeto piloto no Reino Unido. Em junho deste ano 3.300 trabalhadores de 70 empresas britânicas, de áreas que vão a treinamento de software a restaurantes de peixe com fritas, começaram a fazer o teste.

Ao que tudo indica, o experimento está apresentando resultados positivos: na última semana, a maioria das empresas que participam do teste disse que não houve queda no rendimento e, em alguns casos, melhora significativa. (*🚥)

Como funciona o experimento?

Os trabalhadores recebem normalmente seus salários em uma jornada de 4 dias semanais, mas em contrapartida, precisam manter 100% de sua produtividade anterior, obtida com cinco dias de trabalho por semana. Os testes foram apoiados pelo governo britânico.

A 4 Day Week Global pretende obter apoio de mais companhias para fazer testes nos EUA e Canadá e começar testes ainda este ano na Espanha e na Escócia.

Resultados animadores

Além da 4 Day Week Global, a experiência no Reino Unido conta com a parceria da Think Tank Autonomy (instituição que desempenha um papel de advocacy para políticas públicas) e pesquisadores da Universidade de Cambridge , Boston College e Universidade de Oxford.

De acordo com o CEO global da 4 Day Week, Joe O’Connor, “as organizações estão contribuindo com dados e conhecimento em tempo real que valem ouro, porque servem como base para o futuro do trabalho”.

“Estamos aprendendo que para muitos é uma transição bastante suave e para alguns há alguns obstáculos compreensíveis – especialmente entre aqueles que têm práticas, sistemas ou culturas relativamente fixos ou inflexíveis que datam do século passado”, disse.  

88% dos entrevistados afirmaram que a semana de quatro dias está funcionando “bem” para seus negócios nesta fase do teste, 46% dos entrevistados dizem que a produtividade de seus negócios se manteve próxima do ‘mesmo nível anterior’ , enquanto 34% relatam que ‘melhorou ligeiramente’ e 15% dizem que ‘melhorou significativamente; 86% dos entrevistados afirmaram que, neste momento, seriam ‘extremamente provável’ e/ou ‘provável’ manter a nova carga horária de trabalho após o período de teste.

De acordo com reportagem do The New York Times, a experiência não é nova: a Islândia também havia feito dois testes com a semana de quatro dias, entre 2015 e 2019, com 2.500 funcionários do setor público. A produtividade permaneceu a mesma ou melhorou na maioria dos locais de trabalho. (*🚥)

Experiência no Brasil

Mesmo ainda distante da realidade brasileira – onde a maior parte da população seque tem trabalho formal com carteira assinada – a semana de 4 dias de trabalho já chegou por aqui.

A Eva Benefícios Flexíveis, uma RH Tech, começou, em julho, a implantação da jornada de trabalho de 32 horas semanais como forma de melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e acompanhar a tendência vista lá fora.

“Entendemos que por sermos uma empresa que defende a importância dos benefícios para os colaboradores e para o bom desempenho dos negócios, essas mudanças devem começar por nós mesmos”, argumenta o CEO da start up, Marcelo Lopes.

Os funcionários da Eva estão há pouco mais de dois meses com todas as sextas-feiras livres para aproveitarem tempo com amigos, familiares e pets, além de terem um dia útil livre para resolver pendências pessoais, como por exemplo ir ao médico, ao banco, e entre outros compromissos.

Marcelo Lopes, CEO da start up EVA Benefícios Flexíveis

“É muito satisfatório ouvir os relatos de como os colaboradores têm aproveitado esse tempo livre. Uma de nossas funcionárias compartilhou que é mãe solo e que a sexta-feira se tornou um dia livre de autocuidado para ela, já que o final de semana ela não conseguia aproveitar por ter o compromisso de fazer a tarefa de casa com a filha e dar atenção devida. Agora, o dia de folga é todo dela, seja para dormir e descansar, ver um filme, ou passear sem ter a preocupação com a filha que fica sob os cuidados da escola nos dias úteis”.

Marcelo Lopes

(*): Conteúdos em outros idiomas traduzidos pelo Google Tradutor

(🇬🇧): conteúdo em inglês

(🚥): pode exigir registro e/ou assinatura 

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Marcela Guimarães

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