Entenda a proposta do primeiro curso ofertado no metaverso no Brasil

Mês passado a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) anunciou seu primeiro curso de nível superior ofertado dentro do metaverso. A graduação em “Economia da Influencia Digital” vai reunir módulos que envolvem conceitos de empreendedorismo com a pratica da inovação. Entrevistamos o coordenador do curso para entender como deve funcionar essa metodologia de ensino no metaverso.

Publicado por
Uesley Durães

De acordo com o designer e coordenador do curso, Aguilar Selhorst, o projeto tem por característica a integração entre alunos e professores mesmo no ensino remoto. Em entrevista ao Newsverso, Selhorst disse que “o método surgiu por conta da dificuldade de interação do EAD. Isso na pandemia ficou muito claro. A gente sente o aluno disperso, a pessoa que não liga a câmera, a pessoa que tá com vergonha. A gente percebeu que isso era muito maior do que a gente imaginava”.

O metaverso utilizado pela PUC é o Gather Town, e ele é voxelizado. Ou seja, sem avatares hiper-realistas.

A estética lembra muito a de alguns jogos RPG. Dentro do ambiente é replicado o espaço físico da universidade. Todos os espaços são interativos e podem ser acessados pelos alunos.

Uma volta na plataforma utilizada pela universidade (Divulgação PUCPR)

“A gente desenhou o campus dentro da plataforma. A porta de entrada, o chafariz, a biblioteca, espaços acadêmicos, administrativos. Aqui a proposta é não perder aquelas interações que a gente tinha na sala de aula”, conta o coordenador.

Ao acessar o espaço, o aluno pode optar por utilizar salas privativas em grupos, ficar só numa biblioteca, e, claro, assistir aulas dentro de uma espécie de auditório. Perguntado sobre os principais desafios em implementar esse novo método de ensino, unindo trilhas educativas a um ambiente gamificado, Selhorst respondeu:

“A maior dificuldade na implantação do metaverso está nos professores. A gente tem que digitalizar essa galera. Não é um trabalho tão difícil porque a gente está há anos no presencial e no metaverso agora a gente tem o palco que tem na sala de aula. Ele fala e ninguém atrapalha. A pessoa levanta a mão e ele decide ou não se a pessoa vai falar. Existe essa interação quase idêntica a sala de aula, só que agora no digital”

O metaverso utilizado pela universidade é o Gather Town. (Divulgação PUCPR)

Atualmente cerca de cinco mil pessoas acessaram o site de informações sobre o curso curiosos com a proposta, de acordo com o coordenador. Desse total, Selhorst espera atrair 288 pessoas para a trilha de aprendizagem, interessadas na formação em economia da influência digital.

A universidade colocou como meta fechar uma turma do curso para começar o calendário acadêmico já em abril. 

O que um estudante pensa sobre a possibilidade de um curso no metaverso?

Conversamos com o estudante de Tecnologia da Informação, Vitor Mota, para saber se esse formato de graduação agradaria ele. Perguntamos ao jovem, entusiasta de novas tecnologias, se estaria disposto a estudar com essa metodologia. Para ele, o fato do metaverso não estar consolidado ainda o assusta.

“É algo em desenvolvimento, sabe? Tá todo mundo aprendendo, ninguém sabe como realmente fazer. Tá muito no inicio. Então temo por uma graduação com algo que ainda está em fase de desenvolvimento”, conta.

Perguntamos também o que uma universidade deveria fazer para convencê-lo que estudar dentro do metaverso é viável, e ele respondeu:

“Eu confiaria no curso que talvez tivesse parceria com uma das empresas que estão desenvolvendo o metaverso. Tipo a empresa Meta e tal universidade fecham parceria e oferecem um curso”, narra o programador.

Apesar de lidar com a resistência de uma parte dos universitários, o coodernador do primeiro curso brasileiro ofertado no metaverso diz que existe espaço para aprimoramentos. Sobre espaço para melhorias e atualizações, indagamos o designer sobre a possibilidade de colocar o metaverso em um formato 3D e ainda mais imersivo, quem sabe até disponibilizando o acesso por meio de headsets.

De acordo com ele, além da barreira dessas ferramentas serem pouco acessíveis à maioria das pessoas, é necessário “mobilizar uma área muito grande da universidade para ajudar nesse processo de construção do espaço”.

“Isso não é tão simples, só que é um desafio que está ligado a custo e não a falta de competência ou capacidade. Eu sei que tem muita coisa a melhorar, mas é a melhor plataforma que a gente encontrou dentro dessas pretensões que a gente tem”, concluiu Aguilar Selhorst.

@curtonews Já imaginou fazer um curso de nível superior dentro do #metaverso? Isso vai ser possível em uma #graduação da #PUC ♬ som original – Curto News
Entenda como será o primeiro curso ofertado no metaverso no Brasil

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Uesley Durães

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