A popularização do ChatGPT despertou no mundo expectativas, entusiasmo e temor sobre o futuro das Inteligências Artificiais. Até que ponto a tecnologia vem para somar na sociedade moderna? E quando ela representa um risco real para os negócios e até para o futuro da humanidade? Especialistas e governos debatem regulação e freios éticos. Conversamos com especialistas para entender o que pode/deve ser feito nesse sentido. Segue o 🧵
Nos últimos meses a inteligência artificial ganhou destaque nos noticiários, influenciou pessoas e colocou pulga atrás da orelha até de especialistas no assunto – quem dirá de nós, meros mortais.
O ChatGPT virou febre rapidamente e assustou quem não tinha ideia da capacidade de criação e produção sobre-humana da IA. A partir disso, discussões sobre privacidade, segurança e conflitos éticos da plataforma se intensificaram.
A União Europeia, por exemplo, já discute medidas regulatórias para IAs e a Itália foi o primeiro país a barrar o ChatGPT. A China, por sua vez, exige que o ChatGPT remova conteúdos que envolvam violência, pornografia ou que perturbe a ordem social e econômica do país.
Para o advogado especialista em Lei Geral de Proteção de Dados e doutor em Direito Público, João Henrique Orssato, a regulação tem que acontecer. No entanto, a grande questão em torno disso é como esse movimento será feito e qual deve ser o grau de interferência do Estado na atuação da inteligência artificial.
“Acho que a questão de se deveria ser regulado ou não já está superada. Deve sim. Hoje em dia tudo tem regulação. Acho que o fator é mais na dosagem do quanto isso deve ser regulado. Qual é o grau de interferência que o Estado deve ter. O Estado interfere em todos os aspectos da nossa vida. Acho que é mais uma questão de quanto que ele deve regular do que se deve regular, até porque você tem impactos específicos na vida das pessoas”.
Sobre o grau regulatório que deve ser imposto as IAs, o advogado explica: o que é consumido diretamente pelo ser humano e o que tem maior impacto na vida da gente, deve estar no foco e ser regulamentado.
De forma lúdica, ele explica: o papel, por exemplo, é menos regulamentado que alimento. Por que? O alimento tem impacto direto na vida humana. Entendeu?
Desse modo, a depender da interferência de uma ferramenta como o ChatGPT na vida das pessoas, o nível de regulamentação será maior, e deve variar.
“Aquilo que interage diretamente com o ser humano, aquilo que tem uma resposta que vai ter impacto direto dentro do ser humano, talvez seja o caso de você ter uma regulamentação mais intensa”, frisa Orssato.
@curtonews Para o advogado especialista em Lei Geral de Proteção de Dados, João Henrique Orssato, a regulação da inteligência artificial tem que acontecer. No entanto, a grande questão em torno disso é como esse movimento será feito e qual deve ser o grau de interferência do Estado.
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Na outra ponta da discussão, mas não menos importante, há quem já esteja usando as ferramentas de inteligência artificial no dia a dia profissional. É o caso da CBRDoc, uma startup que se intitula como o “shopping dos documentos”.
A empresa é responsável por agilizar a obtenção de documentos para outras instituições. Eles estão usando a API do ChatGPT para “conversar” com os documentos. Desse modo, manuscritos de dezenas ou centenas de páginas podem ser simplificados em buscas de poucos toques.
“Então nossa tecnologia analisa o documento e já traz o resultado na tela. Em questão de segundos a pessoa já consegue filtrar o resultado de uma certidão, por exemplo. A ferramenta está trazendo resultados fantásticos para a gente de como interpretar, como tirar mais informações com mais inteligência desses documentos”, conta o administrador Rafael Galante, Co-CEO da CBRdoc.
Esse é o lado incrível da tecnologia à serviço do ser humano: aquelas burocracias típicas da validação de documentos podem ser sanadas com o uso de inteligência artificial.
“Por exemplo, a matrícula de imóvel tem ali quinze, vinte páginas. Ela tem informações de valor de imóvel, quem são os proprietários, comprador e vendedor, área, localização… como que a gente consegue trazer resumo para quem está interpretando o documento? Então hoje as empresas têm essa ferramenta, mesmo com várias certidões a gente consegue ‘planilhar’ isso dando alguns comandos básicos”, explica o economista e também Co-CEO da empresa, Allan Mendonça.
A inteligência artificial vem sendo utilizada para além do cotidiano empresarial. O Newsverso publicou no mês passado uma reportagem mostrando que cada vez mais usuários têm buscado o ChatGPT para resolver dilemas emocionais. Usado como um terapeuta mesmo.
E assim como uma psicóloga “de carne e osso” alerta que isso pode ser perigoso, no diagrama jurídico e empresarial, a situação é similar: há sérias implicações sobre o futuro da humanidade e das profissões.
Júnior Bornelli é graduado em Direito e fundador da StartSe, uma escola de negócios que conecta empresas à nova economia. Segundo ele, naturalmente muitas profissões podem sumir com o avanço da tecnologia. Independentemente da inteligência artificial.
“Se você não souber usar inteligência artificial daqui para frente, vai ser como se não soubesse usar o pacote office. Como se não soubesse mexer na internet. Quem souber usar isso a seu benefício vai se tornar mais efetivo, mais produtivo, vai fazer mais com menos, descobrir novas oportunidades”, explica.
Bornelli, assim como outros estudiosos da tecnologia, admite que a IA pode tornar muita gente obsoleta. Para tarefas repetitivas, o robô pode ser imbatível. Sobre a inteligência artificial, o entusiasta da inovação narra: “ele não se cansa, ele não se machuca, ele não tem férias, ele não para. Não tem filho, ele não vai para casa e não tem conta para pagar. Então o robô tem muito mais condições de fazer determinadas atividades que nós”.
Se a IA vai superar o ser humano só o tempo dirá, mas, a principio, é necessário olhar a popularização da tecnologia de forma pacífica. De forma unânime, todos os entrevistados acreditam que tem uma capacidade humana que jamais será superada por qualquer máquina: a criatividade.
@curtonews As profissões que conhecemos hoje vão desaparecer com o avanço da tecnologia e inteligência artificial? Júnior Bornelli, fundador da StartSe, diz que sim.
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