Esta reportagem foi atualizada às 18h30
Vestindo as cores verde e amarelo – que se tornou uniforme oficial dos apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL – apoiadores do presidente hostilizaram jornalistas e funcionários da TV Aparecida, veículo de comunicação oficial do Santuário que fica no interior de São Paulo.
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A rede de TV CNN Brasil flagrou o momento em um pequeno grupo de pessoas alteradas grita e gesticula contra equipes jornalísticas, entre elas a TV responsável pela cobertura das festividades na Basílica de Aparecida. As imagens também mostram seguranças do Santuário tentando proteger a imprensa dos mais exaltados. As imagens já estão circulando no Twitter:
Mais tarde, o UOL informou que uma equipe de TV da Vanguarda, afiliada da Globo no interior paulista, foi hostilizada. Em entrevista, o cinegrafista Tales de Andrade contou que chegou a ser empurrado. “Na hora, fiquei assustado. Não achei que iam me bater, mas fiquei acuado com um monte de gente gritando”.
Bolsonaro acompanha missa entre aplausos e vaias
Mesmo após a carta da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) condenando a instrumentalização da fé, o presidente Jair Bolsonaro decidiu viajar à Aparecida em plena campanha eleitoral. Com ele, uma claque de apoiadores acabou fazendo do momento solene da igreja católica um ato político de apoio ao candidato.
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Quando nome do presidente foi chamado pelo padre Eduardo Ribeiro, os aplausos foram mais perceptíveis. O coordenador da celebração chegou a pedir silêncio três vezes na tentativa de sobrepor os presentes que chamavam Bolsonaro de “mito”.
“Silêncio na Basílica, viemos aqui para rezar”, disse.
Um dos padres presentes abriu a batina e mostrou que usava uma camiseta do Brasil por baixo.
Em uma das entradas do Santuário, centenas de pessoas aguardavam a chegada de Bolsonaro. Na porta havia bandeiras e distribuição de adesivos com o número de urna do presidente e do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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Antes de chegar à Basílica, Bolsonaro foi vaiado e xingado por alguns, enquanto outros aplaudiam:
O presidente chegou acompanhado da deputada federal Bia Kicis (PL), do ex-ministro João Roma (PL), do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), do senador eleito Marcos Pontes e de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Bolsonaro permaneceu em silêncio na maior parte do tempo e não subiu ao altar.
“Nós amamos a virgem Aparecida porque ela é negra, é da cor do nosso povo. A segunda leitura é um estímulo para vencermos os dragões da tristeza, do ódio, do rancor, dragões que nos afastam do Evangelho”, disse o padre Eduardo Catalfo na homilia da missa.
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Questionado sobre o eventual uso eleitoral das celebrações de Nossa Senhora Aparecida pelo presidente, Dom Orlando pediu que os fiéis tenham uma “identidade religiosa”. “Ou somos evangélicos, ou somos católicos. Mas seja qual for a intenção, (Bolsonaro) vai ser bem recebido porque é o nosso presidente”, disse mais cedo a jornalistas.
O presidente tem forte ligação com religiões evangélicas. Mais cedo, esteve em Belo Horizonte, onde inaugurou uma sede da Igreja Mundial do Poder de Deus.
No final da missa, Bolsonaro deixou a Basílica, o que causou uma algazarra entre os fiéis. Um grupo grande correu para uma praça localizada próxima à Basílica Velha, onde o Grupo Dom Bosco organizou a oração de um Terço e divulgou que o presidente estaria presente.
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Com Estadão Conteúdo