Uma onda de indignação agitou o Irã e o movimento de protesto se tornou o mais importante desde as manifestações de 2019 contra o aumento do preço da gasolina. Ao menos 92 pessoas morreram desde 16 de setembro, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR).
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Por sua vez, as autoridades iranianas divulgaram um balanço de 60 mortos, incluindo 12 agentes de segurança. Mais de mil pessoas foram detidas e 620 já foram libertadas na província de Teerã, segundo as autoridades.
No último fim de semana, um grupo de estudantes se reuniu e foi encurralado pela tropa de choque da polícia em um estacionamento subterrâneo da Universidade de Tecnologia de Sharif. Em seguida, foram presos.
Desde então, grupos de estudantes muito mais jovens, muitas vezes meninas do ensino médio, tomaram a frente dos protestos que consistem em retirar os véus e gritar palavras de ordem contra o regime
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No Twitter, é possível encontrar vídeos de estudantes em outra universidade protestando pelos alunos de Sharif:
“Você matou Sharif [estudantes universitários], então você nos diz para ficarmos em silêncio!” gritam os estudantes da Universidade Ferdowsi, em Mashhad.
Um vídeo verificado pela AFP mostra meninas jovens com os cabelos à mostra gritando “morte ao ditador”, em alusão ao líder supremo Ali Khamenei, na segunda-feira em uma escola de Karaj, a oeste da capital Teerã.
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Outro grupo gritava “Mulher, vida, liberdade”, enquanto se manifestava na rua.
“São cenas verdadeiramente extraordinárias. Se essas manifestações conseguirem algo, será graças a essas estudantes”, declarou Esfandyar Batmanghelidj, do portal de informação e análise Bourse&Bazaar.
Jovens sob influência das redes sociais
O procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, garantiu nesta quarta-feira (5) que havia jovens participando das manifestações devido à influência das redes sociais.
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“O fato de haver jovens de 16 anos nesses eventos é uma consequência das redes sociais”, declarou o procurador-geral, segundo a agência ISNA.
Desde o início do movimento de protesto, o regime iraniano intensificou a repressão prendendo os apoiadores das revoltas mais prominentes e impondo duras restrições de acesso às redes sociais.
Nesta quarta, a ONG Human Rights Watch afirmou que verificou 16 vídeos publicados nas redes sociais, nos quais, segundo a mesma, agentes da “polícia e de outras forças de segurança” aparecem “usando a força de maneira excessiva e letal contra manifestantes”.
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As imagens mostram a polícia “usando armas de fogo, como pistolas e fuzis Kalashnikov”, disse a ONG em um comunicado. A repressão “demonstra um esforço concertado por parte do governo para aplacar a dissidência, com desprezo insensível pela vida”, acrescenta o documento.
Com AFP