Não está fácil nem para o euro. Pela primeira vez em 20 anos, a moeda comum da União Europeia (UE) atingiu paridade com relação ao dólar americano. Mas quais as principais consequências dessa desvalorização?
Um dos primeiros efeitos é perda de competitividade entre as duas moedas. Como quase metade dos produtos importados na zona do euro são faturados em dólar, há a necessidade de mais euros para comprar essas mercadorias.
Isso ocorre na comercialização de commodities (produtos em larga escala com preços ditados pelo mercado mundial). O petróleo e o gás, que fazem parte dessa categoria, estão em alta devido à guerra na Ucrânia. Mas, outras commodities, como soja, minério e ouro, também estão.
A professora da Escola Superior Sciences Po, Isabelle Méjean, explica que esses fatores contribuem para acelerar a inflação e ameaçam o poder de compra das famílias.
Além disso, o turismo de europeus para os Estados Unidos pode diminuir já nas próximas semanas.
Pela lógica, turistas, principalmente estadunidenses, podem aproveitar a paridade no câmbio para viajar a destinos dentro da União Europeia.
As empresas podem ser afetadas pela queda do preço do euro de diferentes maneiras, a depender da relação que mantêm com o comércio externo e de energia.
“As empresas que exportam para fora da zona do euro se beneficiam da desvalorização do euro, já que seus preços se tornam mais competitivos, mas as empresas importadoras são prejudicadas”, afirma o diretor de pesquisa do banco público Bpifrance, Philippe Mutricy.
As empresas que dependem de commodities e de energia, mas exportam pouco, vão registrar um aumento de gastos.
O mesmo não pode ser dito para a indústria manufatureira exportadora, porque seus preços fora da zona do euro serão mais competitivos.
Também existe a possibilidade de crescimento para países com a economia voltada para a exportação, que será estimulada. A Alemanha se encaixa nesse padrão.
O aumento da inflação impulsionado pela desvalorização do euro pode levar o Banco Central Europeu (BCE) a elevar as taxas de juros. A contenção da inflação com o uso dos juros é relativamente comum em política monetária. Mas, há 11 anos o BCE não precisa recorrer a isso.
Texto com informações da AFP © Agence France-Presse
Foto de destaque: Reprodução/Pixabay
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