O Banco Central da China reduziu nesta segunda-feira as taxas de juros em uma tentativa de estimular a hesitante recuperação econômica do país, já que os dados sobre a produção industrial e as vendas no varejo de julho ficaram abaixo das expectativas dos analistas. A taxa de juros dos empréstimos de um ano caiu 10 pontos, a 2,75%.
A China é a segunda maior economia do mundo – e deve se tornar a maior nas próximas décadas- e qualquer movimento que ocorra no gigante asiático tem repercussões em outros países. Uma China com uma economia mais forte significa, entre tantas outras coisas, que ela vai consumir mais matérias primas e alimentos, vitaminando as exportações de vários países, inclusive o Brasil. Já um economia chinesa em declínio pode ter um impacto negativo na produção econômica global.
Os indicadores econômicos chineses andam fracos se comparados aos padrões de forte atividade econômica das últimas décadas. Ao se reduzir os juros, o banco central tenta estimular a atividade econômica, pois o custo de empréstimos e financiamentos deve cair.
A economia mundial teve uma recuperação na atividade empresarial graças ao fim de algumas restrições sanitárias em junho, mas perdeu força devido à insistência de Pequim em manter a política de covid zero, que inclui confinamentos e quarentenas prolongadas.
Em julho, a produção industrial chinesa subiu 3,8% em ritmo anual, abaixo do resultado de 3,9% de junho, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONE).
O comércio varejista cresceu 2,7% em ritmo anual, contra 3,1% em junho, enquanto o desemprego urbano caiu para 5,4%, segundo o ONE.
“O risco de estagflação na economia mundial está crescendo e a base para uma recuperação econômica interna ainda não é sólida”, alertou o ONE em um comunicado.
As vendas no varejo possivelmente ficaram estagnadas “devido a algumas interrupções provocadas pelo vírus e ao impacto nos consumidores pelos problemas do mercado imobiliário”, disse Julian Evans-Pritchard, economista para a China da Capital Economics.
“Os dados econômicos de julho são muito alarmantes”, declarou ao canal Bloomberg o economista Raymond Yeung, do Australia & New Zealand Banking Group Ltd.
Ele acrescentou que “a política de covid zero continua afeado o setor de serviços e o consumo das famílias”.
O setor imobiliário chinês está em crise, com compradores frustrados em dezenas de cidades que participam em boicotes hipotecários, enquanto as empresas com problemas de liquidez lutam para concluir seus projetos.
O crescimento econômico da China foi de apenas 0,4% no segundo trimestre, o menor desde o início da pandemia de covid-19.
(com AFP)
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