A relação entre os níveis da vitamina D e os sintomas da depressão sempre provocou controversa entre os estudiosos. Uma pesquisa publicada no periódico “Critical Reviews In Food Science and Nutrition” revisou dados de 41 estudos científicos publicados nos últimos anos. A análise concluiu que há indícios de que a suplementação de vitamina D pode, sim, trazer benefícios para pacientes com sintomas de depressão. Outros estudos têm sido feitos no sentido de investigar doses necessárias para que pacientes depressivos tenham possíveis benefícios.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2020, a depressão atinge mais de 320 milhões de pessoas por ano!
Produzida pelo corpo humano em resposta à exposição solar, a vitamina D é essencial para atividade cerebral. Mas a relação entre os níveis da vitamina e os sintomas de depressão ainda não é um consenso.
Mesmo os autores do novo estudo conduzido por especialistas da Austrália, Estados Unidos e Finlândia e publicado no ano passado, apontam a necessidade de se estudar mais a fundo as doses necessárias para pacientes com depressão:
“Nossos resultados sugerem que a suplementação de vitamina D tem efeitos benéficos tanto em indivíduos com diagnósticos de depressão quanto naqueles com sintomas depressivos mais leves. Entretanto, há evidências conflitantes que precisam ser consideradas na interpretação dos resultados”, afirma na publicação o pesquisador finlandês Tuomas Mikola.
O estudo mostrou que os suplementos de vitamina D foram mais eficazes no combate aos sintomas de pacientes diagnosticados com depressão quando administrados por períodos curtos, de até 12 semanas, e com doses de 50 a 100 microgramas diárias.
A conclusão vai na direção oposta de outras publicações, como um estudo de 2020 feito nos Estados Unidos que concluiu que a vitamina D não tem efeitos contra a depressão em adultos e idosos.
“Do ponto de vista psiquiátrico existe uma tendência clara de que é preciso, sim, tratar as deficiências de vitamina D. Quando nós pedimos um exame e encontramos uma hipovitaminose, a gente trata. Agora, suplementar em pacientes com depressão, porém com níveis normais de vitamina D no sangue, o próprio estudo diz que ainda é algo questionável”, explica o psiquiatra Alfredo Maluf, coordenador do Núcleo de Medicina Psicossomática e Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
A principal fonte de vitamina D não está na alimentação, mas na exposição solar: a dieta garante cerca de 10% da quantidade necessária de vitamina D, enquanto o sol é responsável por 90% da absorção do micronutriente.
Produzida nos tecidos da pele após a exposição solar, a vitamina tem duas apresentações diferentes, neste estágio: o colecalciferol e o ergocalciferol. Essas substâncias são transportadas até o fígado e, nesse órgão, sofrem modificações e formam o calcidiol, também conhecido como o estoque de vitamina D do organismo. Depois, o calcidiol segue para os rins, nos quais forma o calcitriol, que é a forma ativa da vitamina D no corpo humano.
No Brasil, não há dados consolidados de quantas pessoas têm níveis insuficientes de vitamina D no sangue, mas uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada em 2011 indica que a dieta da maioria da população não inclui alimentos ricos no micronutriente, como carnes, peixes, ovos e leite, em quantidades satisfatórias.
Em quadros leves, a deficiência de vitamina D não costuma provocar sintomas e é identificada por meio de exames de sangue. Mas, a longo prazo, sua principal consequência é a perda de massa óssea, que causa osteoporose e, consequentemente, maior risco de fraturas. Em casos raros, ela pode causar ainda uma redução no nível de cálcio no sangue, chamada hipocalcemia.
Já o excesso de vitamina D no organismo provoca a hipercalcemia, que pode levar a um quadro de intoxicação que, apesar de raro, pode ser bastante grave. Portanto é importante ter cautela no uso de suplementos!
A intoxicação por excesso de vitamina D também pode trazer sintomas gastrointestinais, como indigestão e azia, ou afetar os rins e evoluir para um quadro de insuficiência renal, segundo endocrinologistas. Esse cenário, apesar de raro, tem se tornado mais comum nos últimos anos por conta da popularização de suplementos vitamínicos.
Apesar da facilidade de acesso aos suplementos, que são vendidos sem receita nas farmácias e pela internet, a recomendação dos médicos é a de que cápsulas que contém vitamina D sejam usadas apenas com acompanhamento profissional, e por períodos determinados.
“No geral, não existe uma indicação para uso contínuo: o suplemento é necessário só até reverter essa deficiência. Isto porque a vitamina D é sintetizada, principalmente, pela exposição solar. Então é isso que vai ajudar a manter esse nutriente em níveis saudáveis depois da suplementação”, explica a endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Adriana Martins Fernandes.
(Fonte: Agência Einstein)
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