Alzheimer: por que o Brasil deve se preocupar mais com a doença do que a Europa?

As projeções para o avanço do Alzheimer colocam o Brasil em uma situação desafiadora: o número de casos de demência pode aumentar muito nas próximas três décadas. E não só aqui - a alta da doença deve ser maior em países de média e baixa renda, como os demais da América Latina, na comparação com as nações mais ricas.

Publicado por
Isabella Caminoto

Essa tendência acende o alerta para a necessidade de que o Brasil prepare seu sistema de saúde para atender ao grande contingente de pessoas que precisará de ajuda médica – e seus familiares, que assumem o cuidado. Também ressalta a importância de estratégias de prevenção para reduzir o volume de pessoas com demência.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e progressiva. Pessoas diagnosticadas com Alzheimer ou outras demências passam a ter dificuldades para realizar tarefas cotidianas e deixam de trabalhar. Com custo global de US$ 1,3 trilhão, as demências são hoje uma das principais causas de incapacidade e dependência em todo o mundo.

No Brasil, ainda não há clareza sobre o total de pessoas com a doença, mas estima-se que cerca de 2 milhões vivam com demências – o Alzheimer corresponde à maior parcela. Para 2050, a projeção é de que esse número chegue a cerca de 6 milhões de pessoas – um aumento de 200%.

O envelhecimento acelerado da população brasileira amplia os desafios. Em países europeus, como na França, foram cem anos para que a taxa de idosos dobrasse. “No Brasil, está levando só algumas décadas”, explica Cleusa Ferri, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Por isso, a importância de ter ações muito rápidas para cuidar das pessoas nessa faixa da vida.”

Em todo o mundo, a previsão é de que os casos de demência passem de 57,4 milhões para 152,8 milhões – uma alta de 166% – em 2050. A tendência de crescimento é menor do que a média global em países como Alemanha, Itália e Japão. E maior em outros, como Brasil, Bolívia, Equador, Peru e países africanos. Os dados fazem parte de uma pesquisa global publicada neste ano na revista Lancet Public Health.

O aumento e o envelhecimento populacionais são as principais razões para a projeção de crescimento maior do Alzheimer em países da África e da América Latina. Problemas de baixa escolaridade e hábitos de vida pouco saudáveis também concorrem para que a incidência de pessoas com demência não caia nessas regiões.

Em países da América do Norte e da Europa, por exemplo, os dados já sugerem uma tendência de redução na incidência de demência – o que cientistas atribuem ao aumento nos níveis de escolaridade e à maior oferta de tratamentos para problemas cardiovasculares, uma das principais formas de se prevenir contra o Alzheimer.

Países de alta renda já têm serviços de cuidados para pessoas com demência, como atenção primária e reabilitação, mais estruturados, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), do ano passado. Já as nações de baixa e média renda, como o Brasil, são mais dependentes dos cuidados informais desempenhados pelos familiares, que muitas vezes têm de deixar suas atividades profissionais, com impactos à economia

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(Com Estadão Conteúdo)

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Este post foi modificado pela última vez em 19 de setembro de 2022 18:28

Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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