O Azerbaijão lançou uma operação militar em Nagorno-Karabakh nesta terça-feira (19), três anos depois do conflito anterior, e pediu a retirada "total e incondicional" de seu rival armênio deste enclave montanhoso no Cáucaso, há três décadas sob disputa.
Os combates deixaram ao menos dois civis mortos e 23 feridos, de acordo com as autoridades armênias separatistas, enquanto o Azerbaijão alegou ter tido apenas objetivos militares.
O governo de Yerevan denunciou uma “agressão em grande escala”, destinada a fazer uma “limpeza étnica” no enclave, e instou a Rússia, que tem uma força de manutenção da paz no local e é garante do cessar-fogo de 2020, a “deter a agressão azerbaijana”.
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashynian, também pediu a Moscou, seu aliado internacional, e à ONU que atuem no conflito. A Armênia garante que não tem tropas em Nagorno-Karabakh e deu a entender que as forças separatistas estavam sozinhas contra o Exército do Azerbaijão.
O Ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou, pela manhã, o lançamento de “operações antiterroristas”, destinadas a neutralizar “as posições das Forças Armadas armênias”, após a morte de seis azerbaijanos na explosão de minas em obras em uma rodovia.
A tensão neste enclave separatista no Azerbaijão de maioria armênia, vem crescendo há meses. A região já esteve no centro de duas guerras, a última durou seis semanas.
A diplomacia de Baku avisou que “a única forma de alcançar a paz e a estabilidade” é “a retirada incondicional e total das forças armadas armênias” da região azerbaijana do território e “a dissolução do suposto regime separatista”.
O ministério de Defesa da Armênia, por sua vez, garantiu que o país não dispõe de um exército no enclave. Pouco depois, Pashinyan acusou o país vizinho de querer “arrastar a Armênia para as hostilidades”.
Horas após a operação militar, o Azerbaijão bloqueou “temporariamente” o acesso ao TikTok no país, afirmou o ministério azerbaijano de Desenvolvimento Digital, sem oferecer mais detalhes.
Os separatistas armênios afirmaram que a capital de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, e outras cidades estavam sob “fogo intenso” que também tem como alvo construções civis.
No entanto, o primeiro-ministro armênio afirmou que atualmente a situação nesta fronteira comum entre os dois país se encontra “estável”. O premiê ainda manteve contatos telefônicos com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Pashynian, que se reuniu com seu conselho de segurança, também denunciou as tentativas de um “golpe de Estado” na Armênia, enquanto canais de televisão relataram centenas de manifestantes reunidos em frente à sede do governo de Yerevan.
Nos últimos três anos, a oposição armênia tenta tirar o primeiro-ministro do poder, acusando-o de ser responsável pela derrota militar do país no conflito do final de 2020 em Nagorno-Karabakh.
O Azerbaijão, por sua vez, disse ter informado à Rússia e à Turquia sobre suas operações no enclave, que gerou “preocupação” por parte do Kremlin, expressou o porta-voz russo, Dmitri Peskov, garantindo que está tentando convencer ambos os países a retornarem “à mesa de negociações”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pediu o fim “imediato” da operação.
Baku justificou suas ações como um resposta à morte de quatro policiais e dois civis azerbaijanos na explosão de minas onde estava sendo construído um túnel, entre Shusha e Fizuli, duas cidades de Nagorno-Karabakh sob seu controle.
O enclave é uma das regiões mais minadas da antiga União Soviética, cujas explosões matam regularmente. Mas os serviços de segurança do Azerbaijão acreditam que foi um grupo de “sabotadores” separatistas armênios que plantou estes artefatos explosivos, cometendo um ato de “terrorismo”.
O conflito anterior, em 2020, terminou com a derrota militar da Armênia, que teve que ceder territórios em Nagorno-Karabakh e arredores do Azerbaijão.
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Este post foi modificado pela última vez em 19 de setembro de 2023 19:49
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