O banco Credit Suisse, uma das 30 maiores instituições financeiras do mundo, enfrenta um fim de semana crucial para tentar restaurar a confiança dos investidores antes da abertura dos mercados na segunda-feira (20) e evitar outra semana no vermelho.
Várias reuniões de crise estão marcadas para este fim de semana – tanto conversas internas no Credit Suisse, quanto discussões por parte de reguladores do setor bancário e até do Conselho Federal, dada a dimensão e importância desta entidade para a economia suíça.
Na sexta-feira (17), o jornal britânico Financial Times noticiou, com base em várias fontes anônimas, que o UBS, o maior banco suíço, estava em negociações para a compra parcial, ou total, de seu concorrente, com a aprovação das autoridades reguladoras suíças. O Banco Central suíço quer “uma solução simples e direta antes da abertura dos mercados na segunda-feira”, disse uma dessas fontes ao jornal, reconhecendo que “não há qualquer garantia” de sucesso. O grupo CH Media disse que “será decisivo o que o conselho de administração do UBS fizer”.
Mas o custo atual do banco não é exorbitante. Depois de uma semana no vermelho que levou à intervenção do Banco Central com uma linha de liquidez de US$ 53,7 bilhões, seu valor de mercado era de cerca de US$ 8,7 bilhões no fechamento de sexta-feira (17). 💸
Uma aquisição desse porte é, no entanto, complexa, principalmente se houver urgência. E a desconfiança em relação à entidade é elevada, apesar de os dois reguladores suíços terem ressaltado, no meio da tempestade, que o banco cumpre “as exigências em termos de capital e de liquidez”. Prova disso – alega-se – é o aumento dos preços dos instrumentos de cobertura contra inadimplência, ou quebras do banco, ou CDS, sigla em inglês para Credit Default Swaps.
A entidade viveu dois anos repletos de escândalos, que revelaram “fragilidades substanciais” em seu “controle interno”, como o próprio banco reconheceu esta semana. Em 2022, o Credit Suisse sofreu uma perda líquida de 7,3 bilhões de francos suíços (US$ 7,9 bilhões) em um contexto de retiradas em massa de seus clientes. E, para este ano, ainda prevê perdas “substanciais”. Quanto ao UBS, levou anos para se recuperar, após enfrentar a catástrofe com a crise financeira de 2008, e não está claro se deseja passar por uma nova reestruturação, agora que começa a colher os frutos de seu esforço. Outro obstáculo pode ser a autoridade suíça da concorrência, que pode considerar problemática a fusão de ambas as entidades, dada sua posição dominante no mercado.
Analistas acreditam que o braço suíço do Credit Suisse pode ser desmembrado, ou entrar em separado na Bolsa, para evitar demissões e fechamentos em massa na Suíça, ante a duplicação de atividades entre ambos os grupos. Dessa forma, o UBS, ou outro pretendente, ficaria sozinho para administrar os fundos e fortunas do banco, disse o FT.
Outras opções sugeridas pelos analistas são a venda da atividade de corretagem, ou, segundo o JP Morgan, “fechar totalmente” o banco de investimentos.
No final de outubro, o Credit Suisse apresentou um grande plano de reestruturação que previa o corte de 9 mil empregos até 2025. Isso representa 17% de seu quadro de funcionários, que era de 52 mil pessoas no final de outubro.
(Com AFP)
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