A Casa Branca multiplica os discursos, como o desta terça (18) em Washington, na tentativa de contrariar as previsões para as eleições de 8 de novembro. Tradicionalmente, o partido da situação costuma sofrer um golpe nesse tipo de eleição, que é realizada a cada dois anos para renovar as cadeiras da Câmara de Representantes, parte do Senado e dezenas de governadores.
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Este ano, os democratas enfrentam uma potencial tsunami de insatisfação pela impopularidade do presidente, a situação econômica pós-pandemia e as guerras culturais em torno de educação, questões de gênero e aborto.
É no aborto que Biden vê uma potencial virada do jogo, depois de a Suprema Corte ter anulado a sentença histórica Roe vs. Wade que há meio século consagrou o acesso ao aborto em todo país.
“O primeiro projeto de lei que enviarei ao Congresso será codificar Roe vs. Wade”, disse Biden, sobre a jurisprudência anulada em junho.
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As mulheres de todo o país, começando por minha casa, perderam um direito fundamental”, disse Biden.
Biden mencionou o “caos e a angústia” das mulheres que pretendem interromper a gravidez desde a decisão da Suprema Suprema. E acrescentou que os republicanos proibiram o aborto em 16 estados, onde vivem 26,5 milhões de mulheres.
O presidente insiste na importância do resultado eleitoral. Advertiu também que mesmo que os republicanos vençam, vetará qualquer tentativa de proibir o aborto a nível nacional. E que se os democratas mantiverem a maioria na câmara baixa, será redigida um lei nacional de direito ao aborto, que anule a decisão da Suprema Corte.
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Impulso, sim, mas votos?
Não há dúvida de que o direito ao aborto provoca debates acalorados na cena política.
Roe vs. Wade legalizou o procedimento em todo país, enquanto a decisão da Suprema Corte devolveu o poder aos governos estaduais, deixando-os ditar as regras em seu território.
O tema mobiliza, mas é suficiente para mudar votos em três semanas?
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A má notícia para os democratas é que o aborto se situa bem abaixo na lista de preocupações dos eleitores.
Uma pesquisa do jornal “The New York Times”/Siena divulgada esta semana mostra que 26% dos possíveis eleitores consideram que a economia é a coisa mais importante, e 18%, inflação, que bate recordes em quatro décadas. Já o aborto obteve 5%.
Além disso, a pesquisa mostra uma mudança surpreendente na intenção de voto das mulheres independentes. Em setembro, este grupo apoiou os democratas, em relação aos republicanos, por 14 pontos, mas, na última sondagem, apoiaram os republicanos, por 18 pontos.
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(com AFP)