Preocupação, estresse, ansiedade. Os últimos dez anos tiveram peso indiscutível na saúde mental dos brasileiros e os registros de suicídio dobraram nesse período, segundo dados do DataSus. Leia mais.
Nos últimos dez anos no Brasil, o número de mortes decorrentes de autolesões dobrou de cerca de 7 mil para 14 mil, sem contar as subnotificações. Os dados equivalem a uma ocorrência de suicídio a cada hora no país. A alta de casos supera, neste ano, o registro de mortes por HIV ou por acidentes de moto e reflete o aumento da vulnerabilidade da saúde mental no Brasil.
A cidade brasileira com maiores altas históricas na taxa de suicídios é Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, estado que também fica à frente dos outros na comparação. Os dados foram coletados pelo DataSus.
Apesar de o aumento não acompanhar a média mundial, a América Latina vem apresentando a mesma tendência brasileira. O nível de renda de cada território possui relação direta com a disponibilidade de cuidados às pessoas em sofrimento psíquico e/ou com algum transtorno mental.
Hoje, só 2% dos orçamentos nacionais de saúde e menos de 1% de toda a ajuda internacional são dedicados à saúde mental. Além disso, apenas 12% das pessoas que sofrem com psicose em países de baixa renda recebem cuidados em saúde mental, de acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). Investir nesta área de saúde, no entanto, leva ao crescimento econômico, segundo a entidade.
Segundo a OMS, a pandemia da Covid-19 desencadeou um aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo. Em junho deste ano, a Organização também chamou a atenção dos países para dar mais atenção à questão, principalmente por meio de investimentos.
Fatores como o medo de infecção, luto, sofrimento e preocupações financeiras foram citados como estressores que levam ao desenvolvimento ou piora de doenças. Entre jovens, o impacto foi ainda maior e levou a um “risco desproporcional de comportamentos suicidas e de automutilação”. Mulheres foram mais intensamente impactadas.
Pesquisas feitas pelo Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil) concluíram que apenas 30% dos trabalhadores brasileiros têm condições emocionais, físicas ou mentais para continuar trabalhando sem atingir o esgotamento. Em 2019, o Brasil havia sido classificado como o país com maior parcela de cidadãos ativos que sofriam de estresse crônico relacionado ao trabalho, sintomas da “Síndrome do Burnout”. Estavam na lista também países como Estados Unidos, Índia e Singapura.
Foto de destaque: Freepik
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