No Brasil, em 2020, o câncer de mama foi a causa de morte mais frequente entre a população feminina, correspondendo a 15,5% dos óbitos. Tirando o câncer de pele (não melanoma), este também foi o câncer mais frequente entre mulheres das 5 regiões do país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
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Para o médico mastologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) Ruffo Júnior, existem duas “principais barreiras” na busca pela redução da mortalidade do câncer de mama hoje: “detecção precoce e o tempo entre a paciente sentir alguma coisa e poder ter um diagnóstico adequado“.
Barreiras e mitos
Porém, uma das dificuldades levar mais pessoas aos cuidados corretos é a circulação de informações falsas associadas ao câncer de mama. Uma recente pesquisa do Ipec a pedido da Pfizer mostrou que o entendimento e a percepção das brasileiras sobre a doença ainda difere muito do que a Medicina recomenda. 64%, por exemplo, acreditam que o autoexame é o principal meio para diagnósticos de quadros em estágio inicial, quando o consenso entre sociedades médicas é de que a mamografia tenha este papel. (Agência Brasil)
Ipec/Pfizer – mentiras sobre o câncer de mama
- 47% não estão convencidas de que o tipo de sutiã usado não tem impacto no risco de ter câncer de mama
- 8% das mulheres que responderam à pesquisa atribuem o câncer de mama a causas divinas
- 6% das mulheres que acreditam que o tumor teria relação com a possibilidade de a mulher “não ter perdoado alguém”
Para o câncer de mama ser detectado precocemente, a paciente deveria passar por exames sistemáticos de mamografia. Porém, Ruffo alerta que “não adianta só fazer mamografia quando ela sentir o nódulo” se, após um primeiro sinal, a paciente não buscar, o quanto antes, um tratamento contínuo e efetivo.
“Uma coisa, que não é mito, é o medo do câncer, o medo de ter um diagnóstico…que afasta muito a mulher dos exames. Outra coisa, é um receio muito grande de apertar a mama, de que pode estragar a mama e machucá-la Isso é completamente um mito.”
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Ouça o trecho da entrevista com o Dr. Ruffo Júnior:
Importância da conscientização
Grande parte das pessoas, contudo, ainda não tem acesso ou não pratica as recomendações médicas para enfrentar os riscos da doença, considerada um problema de saúde pública dentro e fora do Brasil. E é aí que mora a importância do Outubro Rosa, amplo movimento de conscientização sobre a doença iniciado na década de 1990.
Anualmente, durante o mês de outubro, entidades médicas buscam sensibilizar populações sobre a prevenção, detecção precoce e rastreamento do câncer de mama. “A campanha do Outubro Rosa ajuda a elevar em 30% os exames que detectam câncer de mama”, afirma Ruffo Júnior.
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Dentre as ações promovidas pelo Brasil e pelo mundo no Outubro Rosa, estão discussões, mutirões de exames, orientações sobre auto-exames, reuniões com sobreviventes e divulgação de informações oficiais para o combate à doença.
Veja algumas das principais informações e indicações médicas quando o assunto é controle do câncer de mama:
O que é e quais são as características?
- O câncer de mama é um tumor maligno formado pela multiplicação desordenada de células. (SBM)
- A ocorrência e a mortalidade do câncer de mama tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos. (INCA)
- Neste vídeo, o oncologista Antônio Buzaid explica quais são os tipos de câncer de mama.
Autoexame
A descoberta deste câncer não depende apenas de terceiros. Segundo o especialista Ruffo Júnior, 70% das mulheres que frequentam o Sistema Único de Saúde descobrem sozinhas o tumor, com toque. Poucas delas usam a mamografia, procedimento que é feito apenas por cera de 24% das brasileiras.
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74,2% das pacientes na rede pública detectaram o câncer através de sintomas e sinais, não de exames periódicos, segundo o especialista.
Mamografia
Pra a prevenção, o ideal é que mulheres entre 40 e 60 anos façam anualmente exame de mamografia, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Para as que têm casos de câncer de mama e/ou ovário na família, os exames devem começar mais cedo e conforme orientação do mastologista.
Diferentemente das sociedades brasileiras especializadas, o Ministério da Saúde preconiza que a mamografia seja realizada em mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos.
Como identificar o câncer de mama?
A maioria dos casos se manifestam com um caroço na mama, mas a doença também pode se apresentar de outras formas. Confira na imagem ao lado, que é parte da Cartilha 2022 – Sociedade Brasileira de Mastologia.
Pós-pandemia:
Durante a pandemia da covid-19 no Brasil, consultas eletivas foram suspensas e muitos tratamentos prejudicados. Entre 2019 e 2021, o número de pessoas que realizavam tratamento por câncer de mama caiu. (UOL) Especialistas apontam que um dos impactos da crise sanitária pode ser sido a redução do número de diagnósticos do câncer de mama, uma vez que serviços de saúde e hospitais voltaram atenção para internações por covid.
- Mamografias caem, e expectativa é que voltem neste ano ao nível pré-pandemia (Valor)
- Mortalidade por câncer de mama e de colo do útero volta a subir no estado de São Paulo (Revista Fapespe)
Projeto Itaberaí – Corrida pela identificação
Em Goiás, o Projeto Itaberaí trabalha para que mais mulheres possam ser examinadas sem sair de casa, para ampliar a realização de mamografia e reduzi a mortalidade do câncer de mama.
Segundo explica o doutor Ruffo, a ideia é que a mulher não tenha que ir ativamente até uma unidade de saúde “buscar a mamografia”, etapa que acaba sendo interrompida. “As agentes de saúde comunitária estão sendo treinadas para fazer exames nas casas que elas já visitam”, diz o mastologista. O projeto é realizado pela Universidade Federal de Goiás em parceria com a SBM.
Ouça o trecho da entrevista com o Dr. Ruffo Júnior:
Mulher, procure exames preventivos no SUS, em consultórios médicos que atendem convênios ou particulares. Cuide-se e evite o câncer de mama!