Cannes abre espaço para Scorsese, De Niro e DiCaprio com ‘thriller’ em terras indígenas

O cinema americano volta com força a Cannes neste sábado (20), com a estreia de "Assassinos da Lua das Flores" de Martin Scorsese, sobre assassinatos em série de indígenas, com dois de seus atores preferidos, Robert de Niro e Leonardo DiCaprio.

Publicado por
Agence France-Presse

“May December”, do também americano Todd Haynes, desfila no tapete vermelho com uma dupla de estrelas, Natalie Portman e Julianne Moore, em uma história relacionada à indústria do entretenimento.

Aos 80 anos, Scorsese volta à Croisette, mas desta vez fora da competição. Em 1976, conquistou a Palma de Ouro com “Taxi Driver”, em 1986 ganhou o prêmio de melhor diretor por “Depois de Horas”, e foi presidente do júri do festival em 1998.

Robert de Niro, aos 79 anos, protagoniza o filme junto com Leonardo DiCaprio, de 48. DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, um homem apaixonado por uma indígena (Lily Gladstone) que se vê envolvido em uma conspiração de um poderoso fazendeiro, William Hale (Roberto De Niro), ganancioso por petróleo, para desapropriar as terras da tribo Osage. Um agente do FBI, interpretado por Jesse Plemons, tenta esclarecer os assassinatos.

‘Isto é a civilização’

Scorsese apresentou o filme há algumas semanas em seu país e, na ocasião, declarou que queria mostrar como alguns americanos “eram capazes de racionalizar a violência – inclusive contra aqueles que amavam – dizendo simplesmente: ‘Isto é a civilização. Um grupo entra e outro sai”, explicou.

O filme aborda “uma parte esquecida de nosso passado”, disse DiCaprio, que a princípio interpretaria o investigador do FBI, mas optou por encarnar o assassino após passar um tempo com os indígenas Osage, que sofreram a violência. A história foi rodada no local real dos fatos. O roteiro foi revisado até o último dia de filmagem, segundo Scorsese, que queria “fazer o certo” com os indígenas.

Com 3h30, “Assassinos da Lua das Flores” é parte de uma série de filmes de longa duração que têm sido uma das tendências nesta edição do Festival de Cannes.

Das 21 produções que concorrem à Palma de Ouro, outras que superam as 2h30 são a chinesa “Youth (Spring)” (3h32), a turca “About Dry Grasses” (3h17) e a francesa “Anatomie d’une chute” (2h31).

Todd Haynes é o autor de uma filmografia original, na qual tem alternado obras de ficção (“Águas Escuras”) com cinebiografias (“Não Estou Lá”, sobre Bob Dylan, interpretado por diferentes atores) e documentários, como o sobre o grupo musical “Velvet Underground”, que apresentou em Cannes há dois anos.

Em 2015, também causou sensação em Cannes com “Carol”, uma história sobre uma relação lésbica impossível, interpretada por Cate Blanchett.

A jovem franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, de 36 anos, adicionará uma nota de frescor com “Banel & Adama”, uma história de amor.

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